Inflação: o dragão voltou?

Capa revista Veja, ed. 913, 05/03/1986.

Sou da geração que sofreu os danos da inflação nos anos 80, a “década perdida”. Era bancário quando, numa manhã de terça-feira, 28 de fevereiro de 1986, cheguei no trabalho e fui informado, como os demais colegas, que não haveria expediente. Ninguém tinha ideia do porquê. Nem os gerentes. Um deles ainda arriscou que seria uma celeuma entre a FEBRABAN e o governo federal, presidido por José Sarney. Mas na verdade se tratava do Plano Cruzado: tabelamento e congelamento geral de preços, ensejando o surgimento do “fiscal do Sarney”. Foram cortados três zeros do velho cruzeiro, com a intenção de promover em 1.000% o poder de compra da nova moeda, o cruzado – primeiro plano heterodoxo de relevância no Brasil. A imprensa, em geral, apoiou. A classe empresarial e a maioria do staff político – menos o PT, claro!

Apesar de que a ideia seria descongelar os preços seletiva e gradativamente, o sucesso do plano foi tanto que o presidente decidiu manter o congelamento até às eleições, em outubro – não obstante os protestos do ministro da Fazenda, Dilson Funaro. Pra mim, figura icônica foi uma charge da revista Veja: Sarney com a perna congelada e Funaro tentando quebrar o gelo com formão e marreta. No final tudo isso virou folclore.

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Antonio Gramsci – apresentação

antonio gramsci the days of prison
Gramsci teve a perspicácia de perceber que na Itália, como em outros países que passavam pelo processo de industrialização, não haveria a vitória da luta armada, com a resultante tomada do poder pelos socialistas, como ocorreu na Rússia czarista. A partir dessa percepção, estabeleceu nova estratégia: a guerra de posiçõesrevolução passiva – guerra ideológica e de convencimento.

É extremamente difícil para este autor apresentar ao leitor uma pessoa que ele próprio não conhece. Mas é isto o que fazemos agora: apresentamos Antonio Gramsci (1891-1937), um dos autores marxistas mais polêmicos, e talvez o mais influente no Brasil e nos movimentos de esquerda contemporâneos, em virtude da engenhosa estratégia de poder a ele atribuída. Alertamos para que não caiamos no limitação do raciocínio maniqueísta: bem e mal, Deus e o Diabo. Gramsci não era mal. Nem bom. Transcende tais conceitos. Ele próprio era um intelectual orgânico da classe trabalhadora: fato! Estamos agora iniciando um estudo em conjunto: autor e leitor. Antes, porém, recomendamos a leitura do artigo A Alienação da Esquerda Petista.

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Gloria Álvarez, cientista política da Guatemala, se destaca por um discurso que contunde pela lucidez e objetividade contra o socialismo do século XXI

Gloria Álvares é uma cientista política guatemalteca de ascendência cubana e húngara, crítica do socialismo do século XXI e defensora da economia de mercado. Este discurso foi proferido em abril deste ano, no Parlamento da União Europeia. A palestrante aborda a questão da esquerda na América Latina e o Fórum de São Paulo, especificamente.

Ela também já foi entrevistada no programa Roda Viva da TV Cultura, em novembro de 2015.