Reflexões sobre a sexta-feira da paixão

A minha velha bíblia

Costumo me rotular como cristão. Não sob o aspecto religioso, mas filosófico – portanto, relativizando os ensinamentos de Jesus. Eu tenho uma bíblia. Por incrível que pareça eu tenho uma bíblia, a qual já li muito, na minha juventude. Li, simplesmente. Não estudei, não decorei. Há muito tempo que não a leio. Não a considero um livro “sagrado”, “escrito por Deus”. Nem mesmo inspirado por Deus. Me desculpem os crentes, sejam protestantes, adventistas, católicos ou judeus, pois não pretendo atingir qualquer fé. Tenho total e absoluto respeito por toda e qualquer crença fiel, originária. Mas sou daqueles que acreditam, conforme as mais apuradas pesquisas históricas, que a coletânea de livros reunidos na Bíblia foi escrita, durante vários séculos, por autores anônimos, escribas, que codificaram tradições orais passadas de geração a geração do povo hebreu. Pois a Bíblia junta tradições hebraicas escritas para hebreus.  O que não significa que não possa ter sido modificada, traduzida conforme a conveniência do império romano, num primeiro momento, e depois usada como instrumento de domínio por outros povos, inclusive líderes de seitas mal intencionados. 

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O Norte do Brasil ameaçado – devaneios de um escritor frustrado

Explicação

Produzi este texto há uns anos atrás, baseado no relato de um fictício estudante que esteve aqui em Roraima e constatou o quadro sintetizado abaixo. Foi devaneio mesmo. Mas achei um desafio literário para pretenso escritor sem qualquer talento para tal. Portanto, sugiro ao leitor que resolva perder seu tempo com este arremedo, que o faça apenas como diversão. Se conseguir extrair algumas rizadas, já me dou por satisfeito. Chamo atenção para a referência ao amigo Flávio Aguiar – quem realmente me repassou o texto do suposto estudante do Sul. Espero que não me cobre royalty pelo uso indevido do seu nome. 

Ficção ou fantasia?

Um pássaro serpenteia sobre sua cabeça. O calor do sol abranda-se com a brisa que corre fresca na manhã de inverno. O jovem cientista observa o trafegar de formigas aos seus pés. Tão atentas ao trabalho que estão, esquecem-se de ferroá-lo. “Para quê?” pensa ele. “Só iriam perder tempo e correr risco de vida”.

Alemão, não conhece o português, o uapixana, o macuxi. Domina o inglês, o francês, o italiano e o espanhol, além de seu idioma pátrio. Sempre soube que a Amazônia é patrimônio da humanidade. Curiosamente, encontrara em alguns arquivos antigos, na biblioteca da universidade, constatação de que há mais de cem anos a região pertencera, na sua maior territorialidade, ao Brasil. Mas parece que esta parte do passado o mundo não quer lembrar – nem mesmo o Brasil. A partir daí teve a ideia de desenvolver sua tese de doutorado sobre o processo de dominação estrangeira da Pan-amazônia.

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A decadência eleitoral do PT. *De Lua.

Aqui pensando com meus botões sobre as represálias que a caravana do PT, em plena campanha eleitoral, recebeu do povo da Região Sul. É um marco da decadência eleitoral do partido. Melhor dizendo: de Lula da Silva.  A menos que a memória me traia, o Rio Grande do Sul foi um notório reduto petista. Olívio Dutra foi eleito prefeito de Porto Alegre em 1988, iniciando 16 anos consecutivos de administração petista – Tarso Genro o substituiria em 1992, Raul Pont em 1996. Em 2000 Tarso Genro volta à prefeitura de POA, mas renuncia em 2002 para concorrer ao governo do Estado, sendo substituído por outro petista: João Verle – e derrotado por Germano Rigotto do PMDB. Dutra se elege governador em 1998.  E agora os gaúchos capitaneiam  a rejeição do eleitorado brasileiro ao líder petista.

Além disso, essa história dos tiros em ônibus da caravana está muito mal contada. Estão surgindo controvérsias. Mas o fato é que, fora os disparos por arma de fogo – o que é lamentável e deve ser rigorosamente apurado -, a militância petista sempre utilizou o instituto da intimidação, e agora me parece acuada. Talvez a inelegibilidade de Lula por ser Ficha Suja seja uma saída honrosa, dando uma sobrevida ao mito.

DECRETO Nº 24.855-E DE 12 DE MARÇO DE 2018

PUBLICADO NO D.O.E, Nº 3196, DE 12/03/18

Altera o Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto  nº 4.335-E, de 03 de agosto de 2001.

A GOVERNADORA DO ESTADO DE RORAIMA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 62, inciso III da Constituição Estadual, e

CONSIDERANDO o interesse do Estado de Roraima em adotar medidas que visem maior eficiência na aplicação da legislação tributária estadual; e

CONSIDERANDO o disposto no Convênio ICMS 04/2014, ratificado nos termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, fica introduzida a seguinte alteração no Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 4.335-E/2001,

D E C R E T A

Art. 1º  O inciso XXVII do artigo 1º,  do Anexo I do Regulamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, passa a vigorar com a seguinte alteração:

“Anexo I

 Art. 1º […]

[…]

XXVII – LOJA FRANCA – saídas promovidas por lojas francas (“free-shops”) instaladas nas zonas primárias do Aeroporto Internacional de Boa Vista, e autorizadas pelo órgão competente do Governo Federal, e em sedes dos municípios de Bonfim e Pacaraima, autorizadas de acordo com o artigo 15-A do Decreto-Lei nº 1.455, de 07 de abril de 1976 (ver Convênio ICMS  91/91,  alterado pelo Convênio ICMS 04/14);”

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Estado.

Palácio Senador Hélio Campos, 12 de março de  2018.

SUELY CAMPOS

Governadora do Estado de Roraima

Morador do Caimbé pede socorro às autoridades para evitar tragédia no bairro

Localização da rua Leôncio Barbosa, bairro Caimbé 

Hoje eu recebi em um grupo  da minha família no WhatsApp uma mensagem comovente. Resolvi compartilhá-la na íntegra com o leitor. Trata-se de um texto breve, objetivo e em linguagem coloquial, como é característica dos bate-papos em redes sociais.

Como bem transmite o título, trata-se de um desabafo. Não há identificação da autoria, mas sei que o mérito é procedente. A zona de prostituição no bairro Caimbé, aqui em Boa Vista, a bem da verdade, começou com brasileiras e brasileiros. Mas com o início da imigração, a concorrência se estendeu às venezuelanas e venezuelanos.

O relato do morador revela o descaso das autoridades constituídas, pois, reiteramos, mesmo antes das(os) venezuelanas(os) já havia a crescente prostituição de brasileiras(os), acompanhada dos seus efeitos colaterais – tráfico de drogas, violência, etc. -, com todos os detalhes revelados na mensagem, só alterava a nacionalidade. E o que Prefeitura, Governo do Estado, Ministério Público fizeram de efetivo? Nada! Daí o estágio a que se chegou. O antigo Beiral se mudou para aquela área, com quadro de considerável maior gravidade.

Pensei em fazer piadinha com “cincuenta”, “ochenta”… Mas a  coisa é séria! Repassando o texto:

Desabafo de um morador do bairro Caimbé

Acredito que se não for tomada nenhuma atitude por parte das autoridades sobre os venezuelanos, a tendência é só piorar. Na rua Leôncio Barbosa, a mais famosa do bairro Caimbé, está prestes a acontecer uma tragédia. Os moradores já não estão suportando o que vem acontecendo. A bagunça está generalizada. Os moradores já não têm mais paz! Durante o dia é um grande movimento de carros e motos à procura das “profissionais do sexo”. Pouco importa se crianças passam no local, ou não, vendo a falta de vergonha, pois as “moças” agem sem pudor: levantam a blusa, mostram os seios, ou, senão, levantam as saias, fazem gestos obscenos com os seus clientes em plena luz do dia. E se fazem de dia, o que dirá à noite!

Essa rua fica próxima à Escola Estadual Mário David Andreazza e da Escola Municipal Vovó Júlia. Mas o pior de tudo isso são os travestis. Eles são debochados, ousados e agressivos. A partir das 20h eles já expulsam algumas garotas de programa e começa a baixaria: ficam gritando na rua, se jogando na frente dos carros, ficam fazendo bagunça nas calçadas dos moradores e por aí vai. Além da paz que tiraram, ainda as pessoas se veem obrigadas a terem que limpar suas calçadas de manhã cedo, porque deixam camisinhas jogadas, garrafas de cerveja e todas as outras porcarias que eles fazem até o sol raiar.

Tudo tem limite nesta vida! Os moradores estão pedindo socorro! E é melhor que façam algo logo para acabar, pois o povo não aguenta mais! Isto é inadmissível: o cidadão passar o dia trabalhando para seu sustento e carregar este país nas costas, e não ter o mínimo de retorno dos governantes. A população quer a paz de volta que tinha no bairro Cambé! Quer segurança! Quer ter o seu merecido descanso, que não tem mais. Tudo por conta de arruaceiros. #obairrocaimbepedesocorro.

 

Sala de Visita – Sérgio Murilo

O nosso amigo poeta Sérgio Murilo nos  faz uma visita inesperada para lembrar que hoje, 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Poesia, nos trazendo um presente de sua autoria:

CORAÇÃO DE POETA

Por Sérgio Murilo

Ah! Esse coração pulsante,
repleto de versos e prosas.
Que por um instante
exala o perfume das rosas.

Coração que baila, que canta,
que brinda as odes da vida.
Que nos põe no colo, acalanta.
Que nos é regaço, guarida.

Ah! Esse coração que é alegria
mas, também, é pranto!
Apinhado de rimas e encanto,
adornado de pura poesia.

E o autor do blog, aproveitando o ensejo, apresenta um poema seu, feito na adolescência, que reflete os conflitos internos da época. Em homenagem a este dia:

O POETA

O que é o poeta
Se não sofrer?
É como o rio sem correr!
A dor,
O sofrimento,
A vida o amargor.
Tudo isso nos vem ser
Da existência o fervor,
Do todo o momento,
Da beleza o teor.

O que é o poeta
Se não amar?
É como uma estrela
Sem brilhar!
O sabiá
Sem cantar.

Um poeta sem amor
É um espinho
Sem rosa,
Um jardim sem flor,
Uma fera mimosa.

Um poeta sem amor
É um arco-íris
Sem cor.

Um poeta sem amar,
É um vento
Sem soprar,
É a lua
Sem luar.

O que é o poeta
Se não sentir?
É como uma criança
Sem sorrir!
É como a esperança
Sem persistir.

O que seria do poeta
Se fosse feliz?
Seria como o desejo
que não quis!
Seria como o beijo
Que ao puro sentimento
Contradiz.

De que me valeria a vida
Se fosse um mar de rosas,
Se não me fosse tão sofrida,
Para poder descrevê-la
Em versos e prosas?

(Manaus)

Sala de Visita – Flávio José Soares Aguiar

Este é um espaço oferecido a convidados. São artigos, crônicas, entrevistas, poemas… Enfim, uma conversa a três: o leitor, a visita e o autor do blog. O leitor poderá participar enviando comentários.

O nosso primeiro visitante é o meu amigo de várias décadas Flávio José Soares Aguiar. O seu currículo é tão extenso que vamos resumir: professor, engenheiro, mestre e doutor em robótica. Aficionado em caiaque.

A conversa que o Flávio nos traz é uma introspecção sobre trechos do livro O Príncipe, de Nicolau Maquiavel[1] (1469-1527), e a política contemporânea praticada no Brasil. É a sua visão particular sobre o tema.

MAQUIAVEL

Por Flávio José Soares Aguiar

O Príncipe foi publicado postumamente em 1532

 

Em seu livro “O Príncipe” Maquiavel discute as ações que os poderosos devem tomar para se manter no poder. Tornou-se famoso por conta dos conselhos, digamos… pouco éticos. Coisas como “se tiver adversários que possam se tornar poderosos, elimine-os”. Nestes tempos de eleições cabe refletir sobre este tema sempre tão recorrente.

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Brasileiros e venezuelanos são autores e vítimas da violência em Roraima. O crime organizado se consolida. Ausência do Estado é a principal causa

Venezuelanos acampados na Praça Simão Bolívar, em frente à Rodoviária Internacional de Boa Vista

Ontem um amigo de Manaus me repassou matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, datada de 05 de janeiro de 2018, autoria de Marco Antônio Carvalho, enviado especial, sob o título “PCC recruta venezuelanos em prisão de Roraima e amplia frente internacional”[1]. O repórter desenha um quadro que nós, boa-vistenses, temos vivenciado no dia-a-dia: a cidade completamente tomada por venezuelanos. Tal fenômeno não se resume apenas à capital, mas a todo o interior do Estado, com o agravamento do quadro de violência, que já vinha em curva ascendente sem a colaboração internacional. Os brasileiros não guardam o privilégio de serem as únicas vítimas. Os próprios irmãos venezuelanos têm procurado as autoridades de segurança pública pedindo providências contra seus patrícios criminosos.

Hoje à noite, 19 de março de 2018, um telejornal local[2] veiculou matéria em que refugiados venezuelanos acampados na Praça Simão Bolívar, em frente à Rodoviária Internacional de Boa Vista, pedem às autoridades maior policiamento ostensivo, pois estão ocorrendo roubos de eletroeletrônicos e bicicletas no local, e os ladrões são… venezuelanos! Em resposta a autoridade policial disse, em outras palavras, que já realiza o policiamento naquela área e não pode realizar buscas dos objetos roubados nas barracas porque são consideradas domicílios e, portanto, invioláveis; apenas em caso de flagrante delito ou mediante mandado judicial. Senti na alma a frustração dos reclamantes: vai ficar por isso mesmo! – a realidade cotidiana dos brasileiros.

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Review: A Boa Vista Que Não Queremos

No dia 08 de setembro de 2007 publiquei este artigo no meu antigo blog. São 10 anos e meio e, infelizmente, a violência urbana continua tema corrente, só se agravando. Além das migrações nordestinas, agora temos a imigração: os discretos haitianos e os não tão discretos venezuelanos.

Olhando para esses últimos 10 anos, acho que Boa Vista degradou – no que pese dois shoppings, quando não tínhamos um sequer; o aumento da malha asfáltica, a internet de fibra ótica… Mas na soma e subtração, a qualidade de vida caiu. E o pior: a tendência permanece de queda. Deixo o texto de 10 anos atrás para que o leitor, se tiver paciência de ir até o fim, chegue às suas próprias conclusões.

Gostaria de receber muitos comentários me desmentindo, dizendo que a qualidade de vida do boavistense aumentou, hoje a cidade é mais segura, temos mais leitos hospitalares disponíveis, superávit de carteiras escolares, e a oferta de serviços médico-odontológicos atende plenamente às necessidades do munícipe. Gostaria também que o leitor pudesse demonstrar a atuação constante e progressiva do poder público, em todas as suas esferas, respondendo satisfatoriamente às demandas sociais com planejamento de longo prazo. Fica o artigo:

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A Alienação da Esquerda Petista

Eu nasci em janeiro de 1965, menos de um ano após o golpe de 64, em plena era Castelista, referência ao primeiro presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco. Conforme a série de livros-documentos escritos pelo jornalista Elio Gasperi, foi o período da Ditadura Envergonhada: não houve tortura institucionalizada, o presidente demonstrava o firme propósito de entregar o cargo a um civil eleito pelo voto direto, o movimento “revolucionário” tinha amplo apoio popular e empresarial.

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