A Verdade

Ainda mesmo
quando as palavras
de conforto
se formarem em nossos lábios,
ou os hinos de esperança
cortarem os ares
invocando o nome do Senhor,

Meu coração,
na magnitude da noite
dos vermes terrestres,
permanecerá inquieto

Minha mente,
esse verdadeiro Eu de
insaciável apetite
já não se contenta
com os fenômenos
trazidos pelas lideranças,
pelas doutrinas magníficas
que falam de Deus.

Tampouco suporta
as imposições irracionais
dos dogmas místicos
de palavras doces
que alimentam o paladar,
mas não nutrem o Ser,
essa amplo complexo
que mesmo eu não o entendo em mim.

E se não entendo a mim,
como, então,
entender o Criador?
Sim, pois é este a quem eu busco:
essa inteligência suprema,
causa primária de todas as coisas,
que repousa no vento,
que sopra as palhas do buritizeiro
sobre os verdes campos
do serrado na chuva.

Essa energia que gerou
os corpos harmônicos
na individualidade da massa,
pela mutabilidade das partículas
que levam à evolução do cosmo,
através dos movimentos
da força concentrada
que impulsiona as novas formas
pelas novas necessidades.

Assim,
como peregrino solitário,
penetro nos princípios fundamentais
da Lei maior
que rege as energias cósmicas,
cuja iniciação
oculta-se no momento
da criação.

Para chegar ao Criador
necessário é entender
a própria gênese.

Inflexão da Vida

A vida pode ser um portal pra liberdade
Ou uma jaula onde se reclui a alma
Num corpo horrendo, pesado, moldado
Pelos medos do inconsciente

O espírito, que era livre e independente,
Com o tempo torna ser acomodado
Nas convenções da velhice que acalma
Os desejos e anseios da tenra idade

Mas ainda, sob os elos da corrente
Que faz mórbida a mocidade,
Há a centelha do desbravador ousado

Aspirando voar sobre a cidade,
Sobre os campos e florestas, contente,
Sem medos, num unicórnio alado

Pelos Versos de Vinícius

Parafraseando o Poetinha,

Eu ando triste por te adorar

E a vida insiste em se mostrar

Mais distraída dentro de um bar.

 

O nosso assunto já se acabou,

O que era junto se separou,

O que era muito se definhou.

 

Mas ainda existe um amor que mente

Para esconder que o amor presente

Não tem mais nada para dizer.

 

São os versos do Poetinha

Que os tomo emprestado

Para fazer suas as minhas palavras,

Meus sentimentos, pensamentos,

Devaneios matinais.

Boa Vista, 10/09/2007.

Debates em vão!

Por Sérgio Murilo

Aí, você olha
e não sabe se escuta,
você escuta
e não sabe se acredita.
Porque a história pregressa
é maculada, maldita!
E aqueles que estão iniciando
não apresentam nada diferente:
“Vou mudar o Brasil quando for presidente!”
São palavras aguerridas,
gestos contundentes,
são frases floridas,
discursos reluzentes.
Tantas promessas em vão,
tanto teatro, quiçá, comédia ou não.
Invadindo casas em horário nobre,
seja rico, seja pobre.
Talvez um drama fanfarrão,
num debate em plena televisão.
Ali, só não se vê,
a mais sublime verdade,
a expressão com seriedade,
a certeza de que se vai fazer.
Aí, você olha
com seu rosto em prantos
e percebe as dores do povo,
com seus desencantos,
com seus dissabores.
Sem horizonte, sem porto seguro,
sem veredas, sem flores.
Sem rumo, sem prumo, sem futuro.

SESC Roraima promove amanhã, dia 06, o Literatura Em Cena – Filhos do Norte, Netos do Nordeste

O SESC Roraima promoverá, entre os dias 06 e 08 de junho, quarta, quinta e sexta-feira, o II SESC Literatura em Cena, no Espaço Multicultural Amazonas Brasil, SESC Mecejana. Serão cerca de 20 escritores de Roraima em sessões de autógrafos. Presenças já confirmadas: Aldenor Pimentel, B.C. Garmatz, Darkson Mota, Devair Fiorotti, Edgar Borges, Edison Eroquês, Jaime Brasil, João Jungues, Lindomar Bach, Marcelo Perez, Roberta Cruz, Sérgio Murilo, Sony Ferseck, Tanner Menezes, Walber Aguiar, Zanny Adairalba. Não estarão presentes mas terão seus livros à disposição do leitor: Simão Farias e Roberto Mibielli. Entrada gratuita!

O Tema central do evento é Filhos do Norte, Netos do Nordeste, inspirado no poema musicado de autoria do poeta e filósofo Eliakim Rufino, que fará um show de abertura amanhã, dia 06, às 9h. Imperdível!

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Cachaça e poesia – Sérgio Murilo

Da esquerda pra direita: o músico Luiz Carlos Pereira, recentemente desencarnado, e o poeta Sérgio Murilo, bebemorando a música e a poesia.

Sou um poeta fecundo,
espargindo mel e flores,
sucumbindo prantos, dores.
Emanando o amor pelo mundo.

Sou também, errante.
Derramo, por vezes, a peçonha.
Boto de lado a vergonha
e me faço um ser lancinante.

Ora, adoro brincar com as cores,
embalado por doce melodia.
Ora, açodo os dissabores,
evidenciando a minha rebeldia.

Sou um bardo sem pudores,
banhado de cachaça e poesia.

 

Sérgio Murilo