Inflação: o dragão voltou?

Capa revista Veja, ed. 913, 05/03/1986.

Sou da geração que sofreu os danos da inflação nos anos 80, a “década perdida”. Era bancário quando, numa manhã de terça-feira, 28 de fevereiro de 1986, cheguei no trabalho e fui informado, como os demais colegas, que não haveria expediente. Ninguém tinha ideia do porquê. Nem os gerentes. Um deles ainda arriscou que seria uma celeuma entre a FEBRABAN e o governo federal, presidido por José Sarney. Mas na verdade se tratava do Plano Cruzado: tabelamento e congelamento geral de preços, ensejando o surgimento do “fiscal do Sarney”. Foram cortados três zeros do velho cruzeiro, com a intenção de promover em 1.000% o poder de compra da nova moeda, o cruzado – primeiro plano heterodoxo de relevância no Brasil. A imprensa, em geral, apoiou. A classe empresarial e a maioria do staff político – menos o PT, claro!

Apesar de que a ideia seria descongelar os preços seletiva e gradativamente, o sucesso do plano foi tanto que o presidente decidiu manter o congelamento até às eleições, em outubro – não obstante os protestos do ministro da Fazenda, Dilson Funaro. Pra mim, figura icônica foi uma charge da revista Veja: Sarney com a perna congelada e Funaro tentando quebrar o gelo com formão e marreta. No final tudo isso virou folclore.

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Aonde queremos chegar?

Como já publicado neste Blog, o Brasil jamais foi um país pacífico. Nossa história é lavada a sangue de Norte a Sul. Ledo engano de quem imagina que estamos em período de paz. Estamos em pleno estado beligerante e não é de hoje! E o pior: estamos em estado de guerra civil não somente em armas e subtração da vida humana, mas com suporte ideológico de movimentos que insistem na desestabilização das instituições, da República, para assumir o comando pleno da nação. O ideal de uma “ditadura do proletariado” está vivo e visivelmente toma os meios de comunicação formais e informais – redes sociais, sobretudo, elaborado e gerenciado por mentes que sabem muito bem o que estão fazendo e aonde querem chegar, mas infortunadamente veiculado por pessoas que, na grande maioria, não exercitam a capacidade de discernimento, seja por falta de instrução formal, seja por ingenuidade, dentre outros fatores inibidores do senso crítico.

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Tá na hora dessa gente bronzeada cair na real

Pensando aqui com meus botões: boa parte dos brasileiros ainda não se deu conta da realidade que estamos vivendo. Ainda creem que estamos na campanha eleitoral para a Presidência, com críticas inconsequentes ao governo eleito, como se Jair Bolsonaro candidato ainda fosse. E com verdadeira adoração ao “de sempre”, como se Lula, Dilma, a bandeira vermelha do PT, de uma hora pra outra, mudassem o rumo da História e tornassem a subir a rampa do Planalto. Ou ainda com o discurso “alternativo” tipo: Ciro Gomes & Cia. Aonde Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Haddad, Alckmin e Aécio representam alternativa?

Me sinto parcialmente responsável pela situação a que o País chegou, com a acensão da “esquerda” personificada no Partido dos Trabalhadores, afinal, dediquei todos os meus votos, desde o primeiro, àquela estrela vermelha, na esperança do combate à corrupção, ao coronelismo, ao atraso socioeconômico, pela redução das desigualdades. Foi assim até à primeira eleição de Lula. O Mensalão foi o meu limite.

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A esquerda conservadora tupiniquim

As experiências de governos de esquerda têm deixado rastros de fome, dor, sofrimento e morte. O totalitarismo não admite alternância de poder, usando todos os meios possíveis para conservar a hegemonia, inclusive assassinato, como pudemos ver nas eleições presidenciais de 2018. Imagem: Iba Mendes.

Ainda estamos em 2018. A transição está sendo gradativa. É preciso que os setores da esquerda conservadora despertem e percebam que as coisas estão mudando, com ou sem “resistência”.

O comentário acima foi escrito na apresentação de um artigo deste blog no Facebook. Um amigo comentou: “Esquerda conservadora é ótimo… kkk”. Eu respondi:

A esquerda é conservadora em toda a nossa experiência histórica, uma vez no poder. Não admite adversários, eleições livres e diretas. Não tolera posições contrárias.

A propaganda ideológica implantou no consciente coletivo que esquerda significa democracia, liberdade de expressão, liberdade de identidade sexual, respeito aos direitos humanos, direito das “minorias” – em uma palavra: progressista –, enquanto direita é sinônimo de conservadorismo social, oposto a todas as liberdades e direitos.

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A decadência eleitoral do PT. *De Lua.

Aqui pensando com meus botões sobre as represálias que a caravana do PT, em plena campanha eleitoral, recebeu do povo da Região Sul. É um marco da decadência eleitoral do partido. Melhor dizendo: de Lula da Silva.  A menos que a memória me traia, o Rio Grande do Sul foi um notório reduto petista. Olívio Dutra foi eleito prefeito de Porto Alegre em 1988, iniciando 16 anos consecutivos de administração petista – Tarso Genro o substituiria em 1992, Raul Pont em 1996. Em 2000 Tarso Genro volta à prefeitura de POA, mas renuncia em 2002 para concorrer ao governo do Estado, sendo substituído por outro petista: João Verle – e derrotado por Germano Rigotto do PMDB. Dutra se elege governador em 1998.  E agora os gaúchos capitaneiam  a rejeição do eleitorado brasileiro ao líder petista.

Além disso, essa história dos tiros em ônibus da caravana está muito mal contada. Estão surgindo controvérsias. Mas o fato é que, fora os disparos por arma de fogo – o que é lamentável e deve ser rigorosamente apurado -, a militância petista sempre utilizou o instituto da intimidação, e agora me parece acuada. Talvez a inelegibilidade de Lula por ser Ficha Suja seja uma saída honrosa, dando uma sobrevida ao mito.

A Alienação da Esquerda Petista

Eu nasci em janeiro de 1965, menos de um ano após o golpe de 64, em plena era Castelista, referência ao primeiro presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco. Conforme a série de livros-documentos escritos pelo jornalista Elio Gasperi, foi o período da Ditadura Envergonhada: não houve tortura institucionalizada, o presidente demonstrava o firme propósito de entregar o cargo a um civil eleito pelo voto direto, o movimento “revolucionário” tinha amplo apoio popular e empresarial.

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