Eu nasci em janeiro de 1965, menos de um ano após o golpe de 64, em plena era Castelista, referência ao primeiro presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco. Conforme a série de livros-documentos escritos pelo jornalista Elio Gasperi, foi o período da Ditadura Envergonhada: não houve tortura institucionalizada, o presidente demonstrava o firme propósito de entregar o cargo a um civil eleito pelo voto direto, o movimento “revolucionário” tinha amplo apoio popular e empresarial. Sabemos que Castelo não obteve êxito nos propósitos democráticos: seu governo tampão terminaria em janeiro de 66, quando deveria entregar o cargo ao presidente eleito pelo povo nas eleições de outubro de 65 – possivelmente Juscelino Kubitschek. Mas acabou prorrogando o próprio mandato e cancelando as eleições. Assinou Ato Institucional abolindo o pluripartidarismo e resumiu os partidos políticos em dois: a situação, com a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), e o MDB – Movimento Democrático Brasileiro, que aglutinava a oposição. Governou pressionado pelo pessoal da linha dura a cujo representante, general Costa e Silva, entregou a faixa presidencial em março de 67. Mesmo após deixar o poder e pendurar a farda, Castelo se empenhou em conter os ânimos dos generais mais exaltados.
Mas em 18 de julho de 1967, cerca de quatro meses após descer a rampa do Planalto, morreu em acidente aéreo até hoje mal explicado. A partir de Costa e Silva a ditadura escancarou-se, chegando ao ápice da repressão no governo seguinte – Garrastazu Médici. Este aspecto do período militar será abordado em outros artigos e, quiçá, em um livro, cujo título até já imaginei. O que abordamos agora é uma comparação – grotesca e apriorística, diga-se – entre o que classificamos como população média urbana[1] da época e o seu correspondente atual.
No início dos anos 60 do século passado os veículos de comunicação de massa resumiam-se a jornais, revistas e rádio, com pouca penetração da televisão. Como jornal entenda-se, além do formato stand, tabloides e panfletos. Em Boa Vista a televisão só chegou em janeiro de 1975, com a TV Roraima, que retransmitia a programação da Rede Bandeirantes[2]. Ressalte-se que jornais e revistas eram caros em relação à média salarial do trabalhador de baixa renda[3] em 1964.
Não precisamos entrar em detalhes quanto ao acesso à informação nos dias de hoje, pois além da abrangência quase unânime do rádio e da televisão, a aldeia global[4] pode ser simplificada em uma única palavra: Internet. A rede mundial de computadores transforma qualquer um com capacidade intelectual média em formador de opinião[5]. Permite o acesso imediato a documentos e fatos com compartilhamento global simultâneo. Paradoxalmente, esse acesso praticamente ilimitado à informação e aos fatos cotidianos parece provocar grande alienação no cidadão médio dos dias atuais, caracterizando um fosso no comparativo ao grau de consciência política e sociocultural em relação ao cidadão médio dos anos 50-70 do século passado, como se da democracia, somada à liberdade de expressão e ao avanço tecnológico, resultasse um relaxamento com o meio em que se vive e as consequências das ações governamentais.
Não poucas vezes ouço, diariamente: “O meu filho só usa a internet pra jogar”. “A minha mulher – ou o meu marido – não sai das redes sociais”. Ou seja: os meios estão disponíveis e as pessoas usam conforme suas necessidades. E as necessidades, no caso, são quase sempre lúdicas. E por falar em redes sociais, tais meios de inteiração das ideias têm se resumido a palco virtual de torcida organizada deste ou daquele estrato político-partidário. Pessoas defendem este ou aquele político, comprovadamente corrupto, incondicionalmente, como um ídolo ou ladrãozinho de estimação, desprovidas de qualquer senso crítico, sem se dar ao trabalho de conferir a verdade dos fatos, simplesmente porque essa verdade não interessa! É como dirigir seguindo um comboio em via única: só tem que pisar no acelerador e pronto! Não importa pra onde se vai.
Quando do golpe militar de 64 me parece que as pessoas tinham a nítida consciência de que havia um embate entre o capitalismo e o comunismo: de um lado os Estados Unidos e aliados. Do outro a União Soviética e os demais países do Leste europeu que compunham a Cortina de Ferro, mais as experiências asiáticas com a China maoísta e Coreia do Norte. Era a chamada Guerra Fria, que patrocinava medo e anedotas sobre a possível explosão do “cinturão nuclear” com a consequente extinção do planeta. Cheguei a ouvir do meu tio José Laureano: “O comunismo está se alastrando pelo mundo. Já chegou a Cuba e agora na Guiana”[6]. Eu estava em Manaus quando a Seleção Canarinho ganhou o Tri e trouxe para o Brasil a taça Jules Rimet[7]. Foi uma comemoração nacional. Lembro-me de um primo mais velho, Rafael, já falecido, lendo em voz alta para a minha avó a matéria sobre o campeonato. Em seguida leu uma pequena nota sobre mais um atentado terrorista em São Paulo. Os comentários sobre o perigo comunista no Brasil suplantaram a euforia da Copa, naquela noite.
Anos mais tarde, já adolescente, recordando essa conversa, achei um tremendo exagero. Mas hoje sei que esse perigo, embora remoto, em face das circunstâncias, era factual: houve, sim, guerrilha urbana e rural no Brasil com financiamento da URSS, Cuba e China maoísta, embora o grosso do sustento dos movimentos guerrilheiros tenham sido os assaltos a bancos, carros pagadores, agências lotéricas e até a casas de políticos reconhecidamente corruptos. A militância da esquerda brasileira era, na maioria, composta por jovens aliciados no movimento estudantil, imbuídos de um ideal nobre, na sua origem. Havia também os egressos do movimento sindical e até do tenentismo. Aquela garotada viveu o sonho da socialização dos meios de produção com a eliminação das classes sociais. Eu mesmo, ainda pré-adolescente, participei de acirrados debates políticos. Um líder estudantil de Manaus, em discurso na sede do DU – Diretório Universitário – defendeu a opção de o Brasil ser um país essencialmente agrícola autossuficiente em alimentos, dispensando o avanço industrial, que era financiado pelo “grande capital” internacional e causava o desemprego tecnológico[8].
Esse embate entre o pensamento marxista e a Doutrina da Segurança Nacional[9], além da luta armada, resultou também em humor e arte. A criatividade dos intelectuais e artistas era impressionante: Antônio Carlos Magalhães era o Toinho Malvadeza. Roberto Campos era Bob Field – depois, com a falência da experiência socialista na URSS, virou o Robarchev. Na música Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina, Gilberto Gil, João Bosco e Aldir Blanc, para citar alguns dos mais conhecidos. A grande maioria dos artistas, na verdade, não impunha a bandeira vermelha, apenas lutava, com suas armas, contra a repressão e a censura. No jornalismo Paulo Francis, ex-comunista e crítico feroz do modelo marxista, com suas frases de efeito. No cinema, a “pornochanchada”, na capa uma sátira às chanchadas da Atlântida, era uma crítica debochada à censura. O Pasquim foi um ícone, que, nessas ironias da vida, teve como cofundador o jornalista Sérgio Cabral, pai de um presidiário homônimo. Os cartoons do Henfil… E o Laerte, que atingiu o ápice da transgressão virando mulher? – dá vontade de gargalhar!
Não, não dá saudade da tortura e dos anos de chumbo. Mas causa enorme melancolia quando comparamos o quadro acima sucintamente descrito ao cenário artístico-popular atual. E o pior de tudo é que não há qualquer senso de autocrítica quanto à incomensurável mediocridade que o nosso meio cultural atingiu. A minha análise – apriorística, como já reconhecida – é de que a causa dessa alienação é o próprio movimento das esquerdas, que, num primeiro momento, assumiu as cadeiras das escolas e universidades brasileiras, assim como, os meios de produção artística, detendo quase que o monopólio artístico-cultural e intelectual do país. Uma vez consolidado este predomínio, em muito auxiliado pela censura[10], tratou de conscientizar a população, sobretudo jovem, através dos instrumentos disponíveis. Além da música, teatro, cinema e literatura, atuou nos meios escolares e acadêmicos, através de disciplinas como OSPB – Organização Social e Política do Brasil, EMC – Educação Moral e Cívica, e EPB – Estudo de Problemas Brasileiros, matérias que foram adotadas pelo regime com o objetivo de desenvolver o sentido da cidadania, patriotismo e nacionalismo nos ensinos primário, médio e superior, respectivamente, mas que tiveram efeito reverso, ao longo do período militar, pois passaram a ser ministradas por professores engajados à esquerda. A Igreja, com as ações pastorais, também foi polo de formação e disseminação ideológica. A Ação Católica e seus desmembramentos: JAC – Juventude Agrária Católica, JEC – Juventude Estudantil Católica, JIC – Juventude Independente Católica, foram responsáveis pela formação de militantes, inclusive dentre os que pegaram em armas. Em todos os casos havia uma exposição do real cenário político e social do Brasil, sob um enfoque marxista-leninista, marxista-trotskista, marxista-stalinista, marxista-maoísta[11].
De qualquer forma, embora limitado ao pensamento predominantemente marxista, esse doutrinamento levava em conta a diversidade de elementos antagônicos na construção do entendimento do mundo em que se vivia. Tanto que muitos, ampliando os estudos a partir daquela base doutrinária e após profundas análises e desdobramentos com vinho, uísque, maconha e LSD, mudaram de facção ideológica, tornando-se ex-comunistas. A partir do processo de abertura política, os remanescentes da militância esquerdista foram gradativamente assumindo o Poder, tanto no Parlamento quanto no Executivo, com reflexo em toda a estrutura governamental do país. Em 15 de novembro de 1982 ocorreram as primeiras eleições diretas após o golpe militar. O povo elegeu governador, senador, deputado federal e estadual, vereador e prefeito[12]. Em 1990 toma posse o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois de Jânio Quadros: Fernando Collor de Mello, que em 1992, ironicamente, também renunciou ao mandato, sendo substituído pelo vice, Itamar Franco, que teve como seu sucessor Fernando Henrique Cardoso, catedrático aposentado compulsoriamente pelos milicos. Nesse ínterim, desdobra-se o segundo momento do projeto de hegemonia das esquerdas, que é a implosão da superestrutura construída no transcorrer do processo histórico da nação. Para Marx, superestrutura é o conjunto das instituições jurídicas, religiosas, educacionais, morais, culturais, artísticas, etc.
Em 1993 Itamar Franco sanciona a lei n. 8.663/93, revogando o Decreto-Lei 869/69, que criava a EMC e tornava seu ensino obrigatório, ao lado de OSPB, que fora criada no governo Jango. O art. 2o da lei diz: “A carga horária destinada às disciplinas de Educação Moral e Cívica, de Organização Social e Política do Brasil e Estudos dos Problemas Brasileiros, nos currículos do ensino fundamental, médio e superior, bem como seu objetivo formador de cidadania e de conhecimento da realidade brasileira, deverão ser incorporadas sob critério das instituições de ensino e do sistema de ensino respectivo às disciplinas da área de Ciências Humanas e Sociais.”
O ministro da Educação que subscreveu com Itamar Franco a lei 8.663/93 foi Murílio de Avellar Hingel, acadêmico opositor aos generais e ligado à “resistência” incorporada pela cátedra. A última parte do art. 2o: “sob critério das instituições de ensino e do sistema de ensino” é clara evidência da tão expressada autonomia das instituições federais de ensino superior, que hoje em dia tornaram-se verdadeiros sovietes, confundindo autonomia com independência, ao ponto de se ter criado na UnB a estapafúrdia disciplina O Golpe de 2016, ou “Golpe Contra Dilma”, numa sublevação contra determinação do Ministério da Educação. Conforme o portal G1[13], “a disciplina pretende analisar a ‘agenda de retrocesso’ durante o governo do presidente Michel Temer”. A extinção de EMC, OSPB e EPB é apenas um exemplo do desmonte da consciência crítica do brasileiro, pois, se nos governos militares havia a intenção de formar cidadãos moldados ao regime, havia a contraposição representada pela doutrinação marxista, e a partir daí se podia desmatar uma terceira ou quarta via, num arremedo dialético, o que já não acontece hoje em dia, pois o gigantesco e silencioso trabalho é estabelecer a unicidade em torno do “partido único”, pensamento singular que caracteriza a esquerda no mundo. Segundo esta versão, tudo o que for relativo à “direita conservadora” deve ser defenestrado do meio acadêmico, pois “representa o retrocesso”.
Por consequência, o que vemos atualmente é a progressiva alienação intencional da população, segundo um projeto bem elaborado de desconstrução social. Uma vez desestruturado o status quo, instala-se uma nova ordem em torno do Partido, corporificado no seu dirigente máximo. Uma experiência socialista visando à implantação do Estado comunista imprescinde de um líder forte[14], carismático, único: o Führer! Qual a semelhança entre o nazismo e o socialismo soviético, chinês ou cubano? Todos são totalitários, gravitando em torno de uma liderança icônica. O Grande Timoneiro fabricado pela esquerda tupiniquim é Luís Inácio Lula da Silva – seria cômico se não fosse trágico.
Com efeito, no Brasil contemporâneo vemos a consecução de um projeto de domínio do inconsciente coletivo: gradativamente os “educadores” e “filósofos” da esquerda, autores de telenovelas, musicistas, etc., estabelecem uma nova ordem, uma superestrutura recente para sobrescrever a anterior. A teledramaturgia massifica temas até então socialmente repulsivos – desestrutura social -, ou patrocina novas vertentes, como a “ideologia de gênero”, debate que veio à tona em 2014 com o Plano Nacional de Educação. Polêmicas como esta, a meu ver, trazem justificativas aparentes que escondem os verdadeiros objetivos que são, além da destruição dos valores morais e éticos instituídos, a ocupação das mentes pouco treinadas ao exercício do raciocínio analítico, propiciando a alienação e perda da própria identidade histórica e sociocultural, limpando o terreno para a construção dessa nova ordem social, sem resistência.
Os estilos musicais com melodias pobres, monótonas e repetitivas, que agridem aos ouvidos, acompanhadas de letras absolutamente simplórias, combinação que facilita a fixação sem esforço mental; a fabricação de ídolos em série, que aumenta a venda de trilhas e ingressos pra shows de forma exponencial, também contribuem para o fenômeno da alienação na medida em que ocupam o cotidiano, sobretudo do jovem, com movimentos artísticos vazios, cuja mensagem transporta ao vulgar, à degeneração do ser humano, da mulher, do amor, da beleza – este é o “sertanejo universitário”, basta prestar atenção nas letras. Se antes as peças teatrais, a música popular, a poesia, as artes cênicas, tinham conteúdo de oposição crítica ao regime dominante, esta esquerda, uma vez chegando ao poder e transmutando-se em direita[15], opta pela pobreza ou inexistência de substância.
A ausência de estrutura poética e conteúdo aliena o ouvinte, reiteramos, tornando-o ignorante, inconsciente e desprovido de senso crítico, induzindo-o ao ócio mental, preguiça de pensar, maior e mais poderosa estratégia da esquerda petista, pois facilita enormemente a manipulação do povo. O resultado prático desse processo pode ser simplificado na justificação do Mensalão e do Petrolão – ou a negação de ambos – pela militância petista, com propaganda maciça em torno da inocência do Lula, sem qualquer escrúpulo em denegrir as bases da República, que são as suas instituições, como o Judiciário e o Ministério Público, na intenção abjeta de movimentar as massas contra o poder momentâneo estabelecido pelo próprio Partido dos Trabalhadores, uma vez que o atual presidente Michel Temer foi vice de Dilma Rousseff em seus dois mandatos. Nesta história não há vítimas, mas cobras que se devoram. Enfim, só há um Senhor: Lula! E o PT a verdade absoluta. Tudo o mais é da parte do diabo.
E o pior de tudo: esta concepção vem de pessoas que frequentam ou se formaram nas universidades. Tenho amigos que agem como zumbis seguindo essa procissão, desprovidos de qualquer crítica, de visualização contextual, como torcedores fanáticos de um time de futebol, não admitindo qualquer exame, por superficial que seja, mesmo que a intercessão venha de outros torcedores que já vestiram a mesma camisa, numa absurda e repetitiva visão maniqueísta: Deus e diabo, bem e mal, bom e mau. Criam-se neologismos como “seletividade da Justiça” para atacar a celeridade processual no julgamento do recurso de Lula. Se eu fosse um réu inocente gostaria muito de ter meus recursos logo julgados. Mas, certos da condenação em face da verdade material, o que pretendem os dirigentes petistas é mesmo protelar o curso processual e evitar a inelegibilidade, apostando numa eventual eleição, retomando a Presidência.
[1]Grosso modo esta denominação poderia ser Classe Média Urbana, mas isto implicaria em considerar as faixas de renda, um complicador a mais, pois nos referimos ao cidadão e cidadã comuns que usam transporte coletivo ou possuem carros populares, vivem exclusivamente dos rendimentos salariais ou pró-labore, no caso do micro e pequeno empreendedor – que não pode ser considerado um capitalista, propriamente dito. Na formação acadêmica, podem ser tanto alfabetizados funcionais, quanto com curso superior.
[2] A TV Roraima pertence à Rede Amazônica de Televisão, cuja matriz está sediada em Manaus. Quando de sua inauguração, em 1972, a Rede Globo já tinha uma retransmissora naquela cidade, que era a TV Ajuricaba. A TV Amazonas, canal 5, retransmitiu programação de várias estações, inclusive da TV Tupi, pois se filiara à Rede de Emissoras Independentes – REI – até 1975, quando filiou- se à Rede Bandeirantes. Só com a extinção da Ajuricaba foi que a Rede Amazônica assumiu a Globo, a partir de 1986.
[3] Renda familiar em torno de dois salários mínimos.
[4] Termo criado pelo canadense Herbert McLuhan (1911-1980).
[5] Na verdade qualquer idiota pode tornam-se celebridades do dia pra noite.
[6] Antiga Guiana Inglesa, fronteira com o Brasil através do Estado de Roraima. Em 1966 teve sua independência política reconhecida pelo Reino Unido e aceita na Commonwealth. Contudo, desde logo assumiu um perfil socialista, tornando-se a República Cooperativista da Guiana em 1970.
[7]Em 20 de dezembro 1983 a taça foi roubada da sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e provavelmente derretida.
[8] Este foi Antônio Filizola, presidente da UESA – União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas. Não sei o seu paradeiro. Nessa época, início nos anos 80, o presidente do DU era Heron Bezerra. Ele e sua namorada, hoje esposa, Vanessa Grazziotin, são, que eu me lembre, os mais bem sucedidos políticos gerados no movimento estudantil do Amazonas daquele tempo.
[9] A Doutrina da Segurança Nacional, elaborada nos Estados Unidos, fundamentou as ações anticomunistas durante a Guerra Fria. Embora até hoje se atribua aos regimes militares implantados na América do Sul a pecha de Direita, na verdade tinham pouco a ver com o liberalismo e a privatização dos meios de produção. No caso brasileiro, os militares tenderam mais para o nacionalismo. A economia era quase completamente planificada. O Estado era dono de empresas, desde a Petrobrás, Embraer e Correios, até pequenas usinas de açúcar e álcool no interior do país. Portanto, um Estado empresário em nada se enquadra nos princípios liberais.
[10] Obviamente a censura colaborou para o domínio das esquerdas nos campos cultural e acadêmico, enxotando os atores deste cenário para aquela direção, onde encontravam abrigo e, mesmo muitos sem a íntima convicção comunista, tornaram-se peças expoentes da oposição.
[11] Quando se associa Marx a qualquer outro nome, exceto Engels, já se trata do marxismo de conveniência.
[12] Nas capitais dos estados, áreas de segurança nacional, instâncias hidrominerais e municípios de territórios federais os prefeitos ainda foram escolhidos pelos governadores. No Amazonas o prefeito escolhido pelo governador eleito, Gilberto Mestrinho, foi o atual governador Amazonino Mendes. O atual Estado de Roraima era Território Federal. Houve eleição apenas para deputado federal, sendo eleitos Alcides Lima, Mozarildo Cavalcanti, João Fagundes e Júlio Martins.
[13] https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/universidade-de-brasilia-tera-disciplina-sobre-golpe-de-2016.ghtml.
[14] Forte ao menos na aparência. [15] A distinção entre Esquerda e Direita e o fenômeno da mudança de posição conforme a alteração de poder serão abordados em artigo próximo.
Muito bom, cunhado! Em tempo de discursos apaixonados e alienados, fico feliz em ler uma crítica embasada que não busca defender esse ou aquele lado…Parabéns! Abraços
Obrigado, minha cunhada Cássia. Feliz pelo seu comentário, pois o objetivo do artigo é justamente este: contribuir para a formação do senso crítico.
Caro amigo Assis
Parabéns pelo blog, excelente ferramenta formadora de opiniões.
Com você mesmo disse, a facilidade ao acesso e divulgação de opiniões se tornou muito rápida e abrangente, favorecendo a conteúdos simplistas e superficiais, e na maioria das vezes com verdades questionáveis.
Não sou um estudioso politico, muito menos da área de ciências sociais, mas sou um cidadão do Brasil, que vivenciou e vivencia um país em constante crise, que tem sua origem alicerçada em explorações. E como todo brasileiro, indignado com a situação em que nos encontramos.
Estudei em universidade pública, levantei bandeira do PT, talvez mais a do PC do B, por acreditar em suas propostas, adesivei carro, fiz campanha, fui fiscal eleitoral, tudo sem receber nada em troca, vale ressaltar. Fiz por convicção, por esperança em um futuro melhor para o nosso país.
Se você me perguntar se eu me arrependo, direi que NÃO, mas hoje tenho uma grande tristeza em ver pessoas e grupos políticos que eu acreditava e confiava, repetindo velhas ações de corrupção e vantagens pessoais, traindo seu próprio discurso.
Hoje, vejo o quanto moralmente ainda estamos infantilizados no processo evolutivo. Somos orgulhos e egoístas, ainda temos necessidade de levar vantagem para benefício próprio e isso se deve a posicionamento político? Direita ou esquerda ? NÃO.
Você sabe quando isso vai mudar?
Quando tomarmos consciência da nossa existência, quando a gente conseguir respeitar o outro como gostaríamos de ser respeitado, quando aprendermos a perdoar, a não julgar, a ser solidário, menos egoísta e egocêntrico, a amar, isto mesmo, a amar. Amor no sentido amplo da palavra, sem desejar nada em troca. É um exercício árduo e de muita persistência, mas não impossível.
Eu digo não à discussões inflamadoras e cheias de mágoas.
Muita paz e luz !
Obrigado, Ricardo, pelo comentário. Concordo com você que as coisas só começarão a mudar quando começarmos a mudar nós mesmos. Eu também por muito tempo participai de movimentos da esquerda. Confesso que me decepcionei amargamente com o PT. Até a primeira eleição do Lula sempre votei fechado no partido, acreditando que poderíamos chegar ao poder através do voto consciente. A minha grande preocupação era com a gestão: quanto aos eventuais erros, e as possíveis resistências que o partido encontraria para implantar uma administração não-corrupta, que defenestraria os vampiros que sempre sugaram os recursos públicos. Pois é! Deu no que deu. O Petrolão, pra mim, foi o limite.
Parabéns Assis Cabral, bem ilustrado e objetivo; infelizmente, poucas pessoas poderão ler sobre, primeiro pela própria limitação à leituras de artigos, por considerarem longos e enfadonhos, segundo, pela alienação coginitiva propositalmente trabalhada, pela doutrina que hoje se espalha pelo nosso país. Não sei ou talvez saiba, com que propósito a direita atual, reforçou tal situação, bastante clara a intenção, quando da mudança do sistema educacional, com direcionamento tecnicista sem qualidade; algo só adotado nosvsistemas públicos, e algumas poucas escolas, com clientela de baixo poder aquisitivo, sem esquecer também, a BCN (Base Comum Nacional), algo que nem precisa ser discutido para se entender. Dentro de suas citações, nos remetem aos fatos passados, e os atuais, e trás uma dúvida, quem busca alienar mais hoje, os “socialista” tupiniquins, ou a “direita totalitária”?
O certo é que, difícilmente veremos nosso país sair desta lama, nos próximos 100 anos.
Infelizmente, Edson Paiva, creio que, hoje em dia, quem mais tem interesse na alienação da população é a chamada esquerda, que tem como resultado do seu planejamento estratégico o totalitarismo: politico, ideológico, cultural, a exemplo de Cuba e Venezuela.
Uma aula de História! Parabéns meu querido irmão. Seus pensamentos são extraordinários. Você dá vida as palavras.
Eita! Muito obrigado maninha.