Tenho pensado muito no século XX, até com certa nostalgia, pois nele vivi a maior parte da minha vida, até agora – pois, no final, pretendo ter vivido a maior parte da vida no presente século, com saúde, virilidade e muito dinheiro. Inevitavelmente, acabo comparando as duas primeiras décadas daquele século com as duas primeiras deste século XXI. E, não obstante todo o avanço tecnológico, a rede mundial de computadores, as redes sociais, a informação, fontes instantâneas de consulta – tudo originado no século anterior -, o que vejo é uma absurda mediocridade desses últimos 20 anos, em todos os sentidos.
De fato, pensando rápido, o maior acontecimento deste século é a pandemia da COVID-19. Nos primeiros 20 anos do século XX tivemos: a belle époque (1870-1914), a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as revoluções russas (1905/1917) – pra não nos estendermos muito.
No Brasil tivemos a incorporação do Acre, a campanha de erradicação das epidemias da varíola e febre amarela – com a revolta da vacina -, em Paris Santos Dumont inaugura a aviação com o 14 BIS, o presidente Hermes da Fonseca bombardeia Salvador, com destruição de vários prédios históricos, inclusive a biblioteca pública, cujo consequente incêndio destruiu um acervo de incomensurável importância – com incalculável número de mortes. Houve a Guerra do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina – estima-se em 20 mil mortes. O Brasil participa da Primeira Guerra Mundial. Estima-se que a gripe espanhola (1918-1920) tenha infectado cerca de 500 milhões de pessoas no mundo todo, matado entre 50 e 100 milhões. E muitos outros acontecimentos, como guerras regionais, revoltas… tudo isso só no Ocidente. Se fôssemos relacionar fatos históricos no Oriente, não daríamos conta num só breve artigo como este.
Mas o que mais me impressiona é a mediocridade das pessoas! E não me refiro a nós, o populacho, mas às classes dominantes: dirigentes políticos, “intelectuais”, artistas…
É verdade que o Século XX foi devastado por guerras: Primeira, Segunda, Coreia, Civil Chinesa, Civil Espanhola, ditaduras militares… Mas também teve Woodstock, movimento hippie, o “desbunde”, a pílula, com a maior liberdade sexual, os avanços científicos e tecnológicos, o Estado de Israel. E tudo isso gera controvérsias e debates. Debates que, em muitas situações, promoveram levantes, como a luta pelos direitos humanos, pela liberdade de expressão sexual, contra o racismo. Bandeiras que hoje são colocadas como elementos ideológicos, quando, no século passado, eram ideais.
Enfim, espero estar lançando as premissas de uma análise histórica do século em que estamos vivendo, e de uma autoanálise, cuja livre associação, de minha parte, irei desenvolver em novos artigos, em momentos oportunos. Afinal, precisamos dar “um rumo” a este século.
Excelente texto e reflexão, amigo. Concordo com você. Eu também penso assim