Divisão político-administrativa
Roraima compreende uma área de 224.298,980 km2, correspondendo a 2,62% do território brasileiro – área conforme publicado no Diário Oficial da União de 11/07/2002 -, dividido em 15 municípios: Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, Rorainópolis, São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Uiramutã.
COMPARAÇÃO ENTRE AS SUPERFÍCIES DO BRASIL, DA REGIÃO NORTE E DE RORAIMA – Fonte: IBGE, apud SEPLAN: 2003, p.13 | |||
UNIDADE TERRITORIAL | SUPERFÍCIE (km2) |
COMPARAÇÃO |
|
BRASIL | NORTE | ||
BRASIL | 8.547.403,5 | 100,00% | – |
NORTE | 3.869.637,9 | 45,27% | 100,00% |
RORAIMA | 224.298,980 | 2,62% | 5,80% |
É o Estado mais setentrional do Brasil. Ao norte e noroeste faz fronteira com a República Bolivariana da Venezuela. Ao leste, com a República Cooperativista da Guiana. A sudeste com o estado do Pará. A sul e oeste com o Amazonas.
Aspectos geográficos
Clima
A área geográfica de Roraima é dotada de composições múltiplas, ensejando aspectos climáticos diferenciados conforme a região, embora com predomínio de estações definidas.
Nas regiões de menor altitude em relação ao nível do mar, com menos de 200 m até 800 m, a temperatura média anual varia de 20°C a 38°C. Nas regiões com altitude entre 800 m e 1.100 m, a temperatura média anual é inferior a 18°C. Nas regiões acima de 1.100 m, a temperatura média anual oscila entre 6°C, à noite, a menos de 20°C ao dia, em qualquer época do ano.
Há duas estações climáticas bem definidas: chuvosa (inverno), e a estação de seca ou estiagem (verão). O inverno é entre abril e setembro, e o verão é entre outubro e março.
Sistema de classificação do clima
Neste trabalho usamos três sistemas de classificação climática. O primeiro deles se aproxima do desenvolvido por Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza e movimentação das massas de ar. Segundo esta classificação nosso clima divide-se em tropical úmido e equatorial subúmido.
“As circulações atmosféricas que determinam as condições climáticas de quase todo o Estado são de influência do Atlântico Sul e dos Açores; ventos de leste a nordeste, determinando o “tempo bom” ou estável e ventos opostos, no setor ocidental, de massa de ar equatorial continental, que em fusão, determinam o “tempo instável”, ocasionando chuvas em abundância” (AMBTEC: 1994, p.49).
Sistema de Classificação de Koeppen
De acordo com este sistema, o clima do Estado de Roraima é dividido em três tipos:
Afi – Clima tropical chuvoso com predomínio de floresta. Variação mínima anual, pluviosidade e temperatura sempre elevadas, registra amplitude anual de temperatura média mensal não superior a 5°C. Maior ocorrência na região de confluência dos rios Branco e Negro.
Awi – Clima tropical chuvoso com predomínio de savana. Verão úmido e inverno seco.
Ami – Clima tropical chuvoso com predominância de chuvas de monção.
Sistema de classificação de Thomtwaite
Conforme este sistema, Roraima apresenta o tipo climático “A” Magnético (a evapotranspiração potencial excede 1.400 mm anuais), e o subtipo a’ que indica uma concentração de verão sempre inferior a 48%.
Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar média registrada no Estado varia entre 65% a 90%.
Regime Pluviométrico
O regime pluviométrico é bem definido na maior parte da área do Estado, marcado pelo período chuvoso (inverno), que ocorre entre os meses de abril e setembro, e o período de estiagem (verão) entre outubro e março. Os meses de menor precipitação pluviométrica são: dezembro, com média de 44 mm, e janeiro e fevereiro, média de 28 mm. Os meses de maior precipitação são: junho, com média de 356 mm, e julho, com 353 mm. A maior incidência pluviométrica registrada no Estado foi no ano de 1951, com 2.359 mm, e a menor em 1914, com 845 mm (FREITAS: 1996, p. 30).
Quanto à precipitação média anual no Estado encontramos uma diversidade de valores, conforme a fonte:
“Os índices pluviométricos, em geral, são crescentes de leste para oeste, variando de 1.500 mm anuais, nas áreas em torno de Boa Vista, a 2.600 mm no extremo-sul” (AMBTEC: 1994, p.51).
“Aproximadamente 50% da área estão enquadrados nas faixas de pluviosidade elevada (superior a 2.000 mm anuais) representadas pelas áreas situadas a norte e noroeste (favorecidas pelo relevo montanhoso) e as localizadas a centro-sul (favorecidas pela circulação atmosférica regional) onde estes totais podem ultrapassar a 2.600 mm em média” (AMBTEC: 1994, p.51).
“A média pluviométrica é de 1.584 mm” (FREITAS: 1996, p.30).
“A precipitação em média, varia de 2.200 mm a SW, para 1.600 mm, a NE da bacia do rio Branco, ou de 2.250 mm, para 1.000 mm, no mesmo sentido com uma média representativa em torno de 1.882 mm” (SEPLAN: 1997, p.13).
Zonas Agroclimáticas
(1) Zona Serrana Noroeste ou Zona do Parima
Nesta área a precipitação pluviométrica anual é de 2.000 mm a 2.100 mm, com temperatura média de 24°C e umidade relativa do ar acima de 80%. A estação chuvosa compreende o período de maio a agosto. A altitude em relação ao nível do mar compreende entre 800 m a 1.200 m, com evaporação anual de 1.200 mm. A vegetação predominante é composta por floresta ombrófila densa.
(2) Zona Serrana Nordeste ou Pacaraima – Alto Cotingo
A precipitação média anual é de 1.600 mm a 1.900 mm, com temperatura média anual de 22°C a 24°C. Umidade relativa do ar em torno de 80%. A estação chuvosa começa em maio (época do plantio) e vai até agosto. Semelhante à Zona 01, a altitude oscila entre 800 m e 1.200 m em relação ao nível do mar, com evapotranspiração anual de 1.200 mm. A vegetação é caracterizada por floresta ombrófila densa e campos de cerrados.
(3) Zona Sudoeste ou Zona do Médio Uraricoera e Rio Branco
Sua estação chuvosa começa em abril e termina em agosto. O plantio é realizado em maio. A precipitação média anual é de 1.800 mm a 2.000 mm, com temperatura média anual variando entre 24°C e 26°C. A umidade relativa do ar é de 75% a 80%. A altitude desta área compreende o intervalo de 200 m a 800 m em relação ao nível no mar, com evapotranspiração potencial de 1.300 mm anuais.
As altitudes superiores a 500 metros em relação ao nível do mar correspondem às subzonas serranas, compreendendo as serras do Apiaú, Catrimani, Tocobirem, Uraricá, Parafuso, Ajaraní, Pratas, Demini, Mocidade e outras. A vegetação predominante é composta por floresta equatorial de terra firme, com alguns campos e cerrados.
(4) Zona das Savanas ou Savanas do Médio Estado
Nesta área a altitude varia de 100 m a 500 m em relação ao nível do mar, sendo que acima de 200 metros distinguem-se as serras Da Lua, Maturuca, Memória e Balata. A precipitação pluviométrica média anual é de 1.600 mm a 1.800 mm, com temperatura média anual de 26°C a 28°C. A umidade relativa do ar vai de 70% a 75%. O período chuvoso começa em maio e vai até agosto. A evapotranspiração potencial é de 1.500 mm a 1.700 mm. A vegetação predominante nesta zona é formada por campos e cerrados.
(5) Zona do Baixo Rio Branco – Catrimani – Boiaçu
Nesta zona agroclimática a precipitação média anual é de 1.700 mm a 2.000 mm, com temperatura média anual de 26°C e umidade relativa do ar de 75% a 80%. Sua estação chuvosa vai de abril a setembro. A altitude predominante é inferior a 200 m, com evapotranspiração anual de 1.000 mm a 1.300 mm. A vegetação conta com dominância lenhosa oligotrópica dos pântanos.
Solos
Dos 224.298,980 km2 da área total, segundo levantamento do Zoneamento Ecológico Econômico, cerca de 71,33% (160.000 km2) apresentam solos com moderada aptidão agrícola e parcial aptidão para a pecuária. Cerca de 1,23% (2.750 km2) com elevada aptidão agrícola, e 18,28% (41.000 km2) apresentam aptidão agrícola localizada ou restrita. O restante da área do Estado é composta por solos com baixa ou nenhuma aptidão agrícola ou pecuária.
CLASSES DE SOLO | KM² |
LATOSSOLO AMARELO (LA) | 31.670,48 |
LATOSSOLO VERMELHO (LV) | 38.799,59 |
LATOSSOLO VERMELHO ESCURO (LE) | 420,58 |
LATOSSOLO ROXO (LR) | 38,73 |
PODZÓLICO VERMELHO AMARELO (PB) | 76.804,66 |
TERRA ROXA ESTRUTURAL (TR) | 734,15 |
PLANOSSOLO (PL) | 1.981,94 |
LATERITA HIDROMÓRFICA (HL) | 3.658,73 |
SOLOS HIDROMÓRFICOS GLEYZADOS (HG) | 7.767,15 |
PODZÓLICO HIDROMÓRFICOS (HP) | 16.251,54 |
HIDROMÓRFICO CINZENTO (HC) | 329,91 |
AREIAS QUARTZOSAS (AQ) | 2.860,61 |
SOLOS ALUVIAIS (A) | 1.521,22 |
SOLOS LITÓLICOS (R) | 27.837,03 |
AFLORAMENTO ROCHOSO (AR) | 2.252,52 |
SOLOS CONCRECIONÁRIOS LATERÍTICOS (CL) | 2.262,33 |
AREIAS QUARTZOSAS HIDROMÓRFICAS (HAQ) | 10.166,66 |
TOTAL | 225.116,1[1] * |
[1] Valor estimado pelo IBGE considerando a área oficial do Estado avaliada na década de 1990. Fonte SEPLAN.
DIVISÃO | CARACTERÍSTICAS DE CADA GRUPO DE SOLO E APTIDÃO AGRÍCOLA |
GRUPO I
(LE e TR) |
Com elevada aptidão agrícola e distribuição restrita, constituído de Terra Roxa Estruturada e Latossolo Roxo. Ocupa uma área em torno de 275.000 ha. |
GRUPO II
(LA, LV e PB) |
Em termos gerais pode ser considerado como terreno de média a boa aptidão agrícola, sendo o grupo de maior distribuição dentro do Estado, ocupando 16.800.000 ha ou 65% da área total de Roraima. Esta unidade predomina na região de floresta. |
GRUPO III
(R e A) |
Unidade constituída de solos, litólicos e aluvião, cuja aptidão agrícola é localizada ou restrita, ocupando uma área estimada de 4.100.000 ha. |
GRUPO IV
(HP, HG, AQ, CL E ETC. |
Representação por solos de baixa ou nenhuma aptidão agrícola, sendo o grupo de maior diversificação. Abrange terrenos cuja área é estimada em 1.825.000 há. |
Fonte: SEPLAN/ZEE
Vegetação
A vegetação do Estado de Roraima é classificada em oito regiões fitoecológicas: savana, savana-estépica, vegetação lenhosa oligotrófica, floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aberta, floresta estacional semidecidual, áreas de tensão ecológica e refúgios ecológicos.
A área de savana, também conhecida como campo ou serrado, localmente é chamada de lavrado e predomina no leste e centro-oeste, representando cerca de 17% da área total do Estado. A predominância da formação vegetal, contudo, é de floresta, destacando-se a floresta ombrófila densa, a sudoeste e noroeste.
A diversificação da vegetação roraimense tem levado à confusão de técnicos e autoridades nacionais desconhecedoras da realidade local, relativamente às grandes extensões de savana natural, incidente atípico da floresta tropical, e o desmatamento na Amazônica Legal.
VEGETAÇÃO | ESPÉCIES MAIS COMUNS |
1 – SAVANA | Lixeira, Murici, Amdropogon, Trachypogon, Murici Orelha de Veado, Buriti, Caimbé, Orelha-de-burro, Mirixi, Inajá, Caimbezinho, Buritirana, Tucumã, Manga-Brava, Açaí, Araçá, Orelha-de-raposa. |
2 – SAVANA ESTÉPICA |
Aroeira, Angico, Lixeira, Murici, Pau-Rainha, Sucupira do campo, Jenipapo, Pau-Roxo, Taperebá, Freijó, Breu, Faveira, Trachypogon, Andropogon. |
3 – VEGETAÇÃO LENHOSA OLIGOTRÓFICA DOS PÂNTANOS (Campinarana) |
Taxi, Macucu, Saboeirana, Murici, Jará, Caranã-de-espinhos, Marajá. |
4 – FLORESTA OMBRÓFILA DENSA |
Abio Floha Vermelha, Envira Preta, Muiratinga, Muirapixuna, Macucu de Sangue, Taninbuca, Castanha-do-Pará, Angelim Rajado, Angelim Pedra, Guariúba, Fava-Banguê, Sapucaia, Sucupira, Mata-Matá, Abiorana, Ucuúba, Cedrorana, Jataí, Maçaranduba, Mandioqueira, Faveira, Envira, Ingá, Quaruba, Breus, Araracanga, Breu Vermelho, Açaí, Abiorana, Sumaúma, Cedro, Freijó, Copaíba, Caferana. |
5 – FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA |
Abiorana, Balata, Faveira, Castanheira, Inajá, Patuá, Bacaba, Babaçu, Açaí, Maçaranduba, Mandioqueira Rosa, Uchirama e outros. |
6 – FLORESTA ESTACIONAL SEMIECIDUAL |
Freijó, Fava, Marimari, Pau Roxo, Ipê, Pau-Rainha, Tarumã, Taperebá, etc. |
7 – ÁREA DE TENSÃO ECOLÓGICA |
Roxinho, Freijó, Geniparana, Pau d’Arco Roxo, Ingá, Marimari, Abiorana, Casca Doce, Quaruba Rosa, Pajurazinho, Cupiúba, Mandioqueira Lisa, Breu Vermelho, Angelim Pedra, Quinaraná, Para-Pará, Guariúba, Taperebá, Anani, Ucuúba, Tachi, Samaúma, Macucu, Caranã, Buriti, Jará, Jatobá, Maçaranduba, Casca Grossa, Cedro. |
8 – REFÚGIO ECOLÓGICO |
Coberta por plantas arbustiva e herbácea. |
Fonte: SEPLAN – Zoneamento Ecológico Econômico
Hidrografia
Rio Branco
O Rio Branco é o principal rio do Estado, banhando a capital Boa Vista com sua margem direita. É formado pela confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, seguindo na direção nordeste-sudoeste até a foz do rio Negro, de cujo rio é o mais importante afluente na margem esquerda.
O Rio Negro deságua no rio Solimões. O encontro dos dois leitos gera a atração turística conhecida como encontro das águas, logo abaixo da cidade de Manaus. Da confluência do Negro com o Solimões surge o rio Amazonas.
Encontramos três valores para a extensão do Rio Branco. Por ordem cronológica:
A obra produzida pela Fundação AMBTEC (1994, p. 61), divide o curso do rio em três partes:
- Baixo rio Branco – da foz até Caracaraí (338 km);
- Médio rio Branco – trecho das cachoeiras (24 km);
- Alto rio Branco – das corredeiras até a confluência do Tacutu com o Uraricoera (172 km).
Somando os valores chegamos a uma extensão total de 534 km.
Aimberê de Freitas afirma que o rio tem “584 km de extensão a partir da confluência do rio Uraricoera com o Tacutu até a sua desembocadura no rio Negro[2]” (1996, p. 31), dividindo-o também em três partes:
- Alto Rio Branco – da confluência dos rios Uraricoera e Tacutu até a cachoeira do Bem-Querer (172 km);
- Médio Rio Branco – da cachoeira do Bem-Querer até Vista Alegre (24 km);
- Baixo Rio Branco – de Vista Alegre até a desembocadura no rio Negro (388 km).
O Perfil do Estado de Roraima (SEPLAN: 1997, p. 26) diz que “O curso do rio Branco tem uma extensão de 581 km”.
Substancialmente as diferenças são insignificantes. Medidas aproximadas, a maior diferença é entre os números apresentados pela AMBTEC e professor Aimberê: 50 km. A menor diferença é entre o Perfil de Roraima e Aimberê: apenas três quilômetros. A média entre os três valores é 566,33 km.
O curso do rio é sensivelmente influenciado pelo regime pluviométrico, ficando inavegável em grande parte de sua extensão no período da estiagem (verão), entre outubro e março[3].
“Roraima está encravado no vale do Rio Branco, e sua capital, Boa Vista, situa-se a montante da cachoeira do Bem-Querer, uma das principais barreiras naturais entre a floresta e a savana. Rumo ao Sul, o rio Branco liga-se ao rio Negro e se incorpora à Bacia Amazônica, com navegabilidade permanente somente no trecho Manaus-Caracaraí, com restrições de calado, em pelo menos sete (7) meses do ano. Rumo a Norte, a navegabilidade é praticamente impossível porque, antes do Orinoco, existem as cordilheiras do sistema Pacaraima, divisor de águas entre o citado rio e a bacia amazônica. Na direção do Atlântico, integrando-se ao Essequibo/Demerara, na República da Guiana não há também navegabilidade factível, embora o acesso seja mais fácil do que no Orinoco. O sistema Essequibo/Demerara não faz parte da bacia amazônica” (SANTOS e CRUZ: 1993, p.9).
Bacia do Rio Branco
Outra vez encontramos divergência de números, conforme a fonte consultada:
“A Bacia do rio Branco tem área total de 204.640 km2, sendo 11.312 km2 situados na República da Guiana” (AMBTEC: 1994, p.62).
“O rio Branco tem uma bacia hidrográfica cuja área aproximada é de 242.600 km2, sendo que desta área 5% aproximadamente pertencem à Guiana e o restante ao Brasil” (SEPLAN: 1997, p.26).
Desta forma, confrontando os dados, segundo a Fundação AMBTEC, 5,53% da bacia (11.312 km2) pertencem à Guiana, e o restante, 193.328 km2, pertencem ao Brasil, totalmente situados na área do Estado de Roraima. Já pelos dados da SEPLAN, 12.130 km2 pertencem à Guiana, ficando para o Brasil, integralmente na área do Estado de Roraima, 230.470 km2.
Bacias e sub-bacias do Estado de Roraima
BACIA – RIO |
SUB-BACIA – RIO |
EXTENSÃO (Km) |
ÁREA (Km²) |
RIO BRANCO
|
SURUMU |
219 |
12.772 |
Cotingo |
175 |
7.097 | |
URARICOERA |
625 |
50.669 | |
Parima |
172 |
8.727 | |
MUCAJAÍ |
441 |
21.491 | |
CATRIMANI |
373 |
15.065 | |
XERUINI |
– | 8.406 | |
ANAUÁ |
295 |
21.139 | |
A Montante de Boa Vista |
– | 85.424 | |
A Montante de Caracaraí |
– | 114.237 | |
A Montante de Santa Maria do Boiaçu |
– | 174.667 | |
Até a foz |
– | 183.073 | |
Partes de outras bacias pertencentes ao Estado |
Jauaperi, Jatapu, Preto e outros.
|
– | 39.277 |
Fonte: SEPLAN: I PDR, apud SEPLAN: 1997, p.24
Rio Tacutu
Esta sub-bacia ocupa 21% da Bacia do Rio Branco, com área de 42.904 km2, sendo que sua quarta parte – cerca de 10.726 km2 – encontra-se no território da República Cooperativista da Guiana. Tem como afluentes os rios Surumu, Cotingo e Maú[4]. O rio Cotingo tem sua nascente na parte inferior da encosta do Monte Roraima. O rio Maú nasce na fronteira com a Guiana, perto do Monte Caburaí. A Precipitação pluviométrica média anual é 1.650 mm e 1.700 mm, com a maior evapotranspiração potencial de toda a bacia do rio Branco. As cachoeiras que compõem esta sub-bacia são a do Pirandira e Oxipaú, no rio Maú; Aparelho, Sapo, Apertar da Hora, Sete Quedas, Mirichi, Pedral e Setúbal, no rio Cotingo; Tamanduá; Rebojo e Providência, no rio Maú. Próximo de sua margem direita está a cidade de Bonfim.
Rio Uraricoera
Corresponde a 25,50% da área da Bacia do rio Branco. Corre em uma região acidentada, com várias incidências de cachoeiras, proporcionando alto potencial hidrelétrico. Os 52.184 km2 de área são situados, em sua totalidade, no território nacional. A pluviosidade média anual é 1.900 mm, com evapotranspiração potencial anual da ordem de 1.250 mm. Deságua no rio Branco formando um “Y” invertido com este rio e o rio Tacutu. Cachoeiras: Cajuna, Cusali, Açaí, Bigati, Landu, Pacomam, Cigarra, Filhotes, Sebática. Rios afluentes: Auari, Araraca, Puruê, Uraricaá ou Uanamará, Majari ou Amajari, Cauaruau.
A extensão do Uraricoera é de 676 km[5], ou aproximadamente 700 km[6]. Nasce no divisor de águas entre as bacias do rios Orinoco e Amazonas. Devido à já relatada incidência de cachoeiras em boa parte de sua extensão, é intrafegável na parte superior. Tem como afluentes na margem esquerda os rios: Auari, Aracaçá, Uraricaá, Amajari e Parimé. É neste rio, montante da confluência com o rio Tacutu para formar rio o Branco, que se encontra a maior ilha fluvial de Roraima: a Ilha de Maracá, reserva de preservação ecológica administrada pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
Estação Ecológica Ilha de Maracá
Foi criada em junho de 1981 pelo Decreto Federal nº 86.061. Situa-se a 120 km de Boa Vista. O arquipélago todo mede uma área de 101.312 hectares, sendo Maracá a maior, figurando como a terceira ilha fluvial do mundo em extensão de terras, perdendo somente para Marajó e Bananal.
O relevo é predominantemente plano, com algumas elevações significativas no centro da ilha. O ponto culminante chega a medir 350 metros de altitude. Coberta por floresta tropical de terra firme, com algumas manchas isoladas de serrados abertos e áreas alagadiças com vegetação características, como os buritizais, a área é hoje utilizada exclusivamente para pesquisa de campo. Não há habitantes permanentes. As construções ora disponíveis visam abrigar unicamente equipes de pesquisadores. São três construções maiores e três casas menores.
A principal peculiaridade da ilha é a sua diversidade biológica, abrigando espécies em extinção ou ameaçadas de extinção, como a onça (Panthera onça), a anta (Tapiris terrestris), a ariranha (Pteronura brasilensis), o tamanduá (Myrmecophaga tridactyla), a capivara (Hydrochaeris hidrochaeris) e o macaco guariba (Alouatta seniculus).
Rio Catrimâni
Está situado na região sudoeste do Estado, com 17.269 km2 de área, correspondendo a 8,44% da área total da Bacia do rio Branco. É a menor de todas as sub-bacias. Sua desembocadura se dá ao lado direito do Rio Branco, tendo como principais rios: Camoji e Lobo D’Almada – ou Aromopô. As cachoeiras ocorrentes são: Puraquê, Encanto, Arapari, Pimenta, Pacu, Paca, Samaúma, Uruçu, Xeriana, Tapaíuna, Barros, Alagação e Piranteira. A desembocadura dá-se ao lado direito do rio Branco.
Rio Anauá
Situado a sudeste da bacia do rio Branco, tem 25.151 km2 de área, com pluviosidade média anual de 1.750 mm e evapotranspiração potencial estimada em 1.300 mm. Tem como afluentes os rios Baraúna, Anauazinho e Novo. A desembocadura dá-se ao lado esquerdo do rio Branco. Cachoeiras: Chico Pereira, Formiga, Quarta, Terceira. Salto: Santo Antônio.
Rio Mucajaí
Limite norte do município de Mucajaí e ao sul do município de Alto Alegre, compreendendo ainda parte do município de Boa Vista, tem 21.602 km2 de área. Afluentes: Melo Nunes, Couto de Magalhães, Apiaú. Cachoeiras: do Querosene, Funil, Arrombo, dos Índios, da Lata, do Parafuso, do Prego, Sete Ilhas, Paredão, Paraíba e Comissão. A desembocadura é ao lado direito do Rio Branco.
Rio Branco
Nasce na foz dos rios Tacutu e Uraricoera. Tem 22,4% da área toda da Bacia do Rio Branco. Ilhas do município de Caracaraí à foz do rio Branco: Castanho, Santa Maria do Boiaçu, Curupira, Aruanã, Preguiça, Matamatá, Macaco, Jacaretinga, Catrimani, da Onça, Caapiranga, Açaituba, do Muçum, do Veado, Umbaúba, Extremo, Carapanatuba, Remanso, Audi, Inajatuba, Aliança, Marari, Ano Bom, Para e Arroz. De Boa Vista a Caracaraí: Ilha dos Santos, do Cota, Barro Vermelho, Conceição, São Felipe e São Lourenço. Da Confluência dos rios Uraricoera e Tacutu até Boa Vista: Ilhas de São José, São Pedro.
Relevo
A geomorfologia do Estado de Roraima é diversificada, apresentando cinco níveis de relevo. Aproximadamente 60% de sua superfície registra menos de 200 m de altitude em relação ao nível do mar; 25% entre 200 m e 300 m; 14% entre 300 m e 900 m, e 1% acima de 900 m.
Atlas geográficos de décadas atrás situavam o extremo-norte de Roraima como constituído pelo Planalto das Guianas, que por sua vez era separado do Planalto Brasileiro pela Planície Amazônica.
“Seus terrenos cristalinos, pertencentes ao Escudo das Guianas (dá-se o nome de escudo a uma área onde só aparecem rochas cristalinas), são bastante antigos, tendo surgido na Era Proterozóica. Embora o Planalto das Guianas se estenda até ao norte da América do Sul, podemos dividi-lo, quanto ao Brasil, em duas unidades menores: o Planalto Norte-Amazônico e a Região Serrana.
Planalto Norte-Amazônico – Apresentando pequenas altitudes, esse planalto nada mais é do que uma faixa de transição entre a Planície Amazônica e a Região Serrana. Suas altitudes vão aumentando em direção ao norte, embora não cheguem a ultrapassar os 800 metros. Trata-se de uma região bastante trabalhada pela erosão.
Região Serrana – Corresponde apenas às escarpas do Planalto das Guianas, pois este se localiza, na verdade, em terras da Venezuela e das Guianas. Essas terras altas, que alcançam mais de 3.000 metros de altitude, servem de divisor de águas entre a Bacia Hidrográfica do Amazonas e a Bacia Hidrográfica do Orinoco (na Venezuela). Servindo como fronteiras setentrionais do Brasil, encontramos várias serras importantes como as de Tumucumaque e Caburaí, na fronteira com as Guianas, e as de Pacaraima, Parima e Tapirapecó (ou Imeri), na fronteira com a Venezuela” (Michalany: 1986, p. 53).
Vemos que a citada obra, apesar de dispensar considerável explanação acerca do Planalto das Guianas, acaba por considerar que a chamada Região Serrana, não representa parte, propriamente dita, daquele planalto, mas apenas escarpas, ou seja, a parte brasileira das inclinações ao sul do Planalto das Guianas, que, na verdade, situa-se em terras da Venezuela e da Guiana. Neste sentido, Aimberê Freitas também tece as suas considerações:
“Constuma-se denominar de Planalto das Guianas a região que abrange o Estado de Roraima. Na verdade, o Planalto das Guianas, observado nas imagens do Projeto Radam, revela-se bem diferenciado. No caso específico de Roraima, o seu relevo, observando-se do norte para o sul, apresenta-se como se fosse uma escada com vários degraus.
A parte mais alta da escada denomina-se Planalto Sedimentar de Roraima, depois vem o Planalto Interflúvio (entre rios) Amazonas e Orinoco, verdadeiro divisor de águas entre dois grandes rios.
Depois desses dois grandes degraus, vem o Planalto Norte da Amazônia a mais abaixo uma série de pequenos Planaltos Residuais e por fim, as calhas dos rios com suas margens e áreas próximas ainda mais baixas denominadas de Pediplano Rio Branco – Rio Negro.
Na escada, destaca-se no ponto mais elevado, o Monte Roraima com 2.785 m” (FREITAS: 1996, p.23).
Primeiro nível
Também denominado de primeiro degrau, compõe as áreas de acumulação inundáveis, de superfícies baixas e recobertas de sedimentos recentes, com fina camada d’água. Nas palavras do professor Aimberê Freitas, “Estas áreas não representam propriamente uma forma de relevo, mas sim uma área de acumulação recente” (1996, p.28).
Segundo nível
Ou segundo degrau é o Pediplano Rio Branco–Rio Negro, que ocupa aproximadamente 54% da superfície do Estado. As altitudes variam entre 70 m a 160 m, com fraca declividade em direção à calha do Rio Negro ao sul. Abrange as bacias do Rio Branco, sub-bacias do Tacutu, Surumu e Cauamé, parte do médio e alto Uraricoera e Mucajaí. Ao norte encontra-se com Planalto do Interflúvio Amazonas-Orinoco. A oeste faz limite com o Planalto Norte da Amazônia.
Terceiro nível
Ou terceiro degrau: Planaltos Residuais de Roraima, cuja principal característica é a composição de serras, formando grandes maciços isolados variando de 400 m a 800 m de altitude, sendo as principais:
Serra da Mocidade, situada entre os rios Catrimani, Água Boa do Univini e Amajari;
Serra do Demini, na qual está o pico Rondon, com altitude aproximada de 1.000 m;
Serra do Apiaú, na margem direito da rio Mucajaí, com altitude de 500 m;
Serra do Mucajaí, formada por blocos em cristas, pontões e cristas localizadas, com altitude que varia entre 600 m e 800 m;
Serra da Balata, a noroeste de Caracaraí;
Serra da Lua, com dois níveis, o mais alto com 600 m;
Serra Grande, ao sul de Boa Vista;
Serra do Cantá;
Serra da Malacacheta.
Quarto nível
Ou quarto degrau, é o Planalto do Interflúvio Amazonas-Orinoco. Como vimos acima, também denominado de Região Serrana. São elevações que variam entre 600 m e 2.000 m de altitude, dividindo as águas das bacias hidrográficas dos rios Orinoco e Amazonas, o primeiro na Venezuela, e o segundo no Brasil. Trata-se de uma extensa cadeia montanhosa, também denominada Cordilheira de Pacaraima. “É uma extensa área montanhosa com direção geral de sudeste para noroeste. As formas de relevo encontradas apresentam, em sua maior parte, vertentes de forte declividade, resultantes do encaixamento da rede de drenagem, sobretudo das fraturas e falhas que atingem as rochas. Recebem as seguintes denominações de sudeste para o norte e nordeste: Serra do Urucuzeiro e Serra Pacaraima” (FREITAS: 1996, p.24).
A serra do Urucuzeiro é a de menor altitude, variando de 500 m a 1.000 m, aproximadamente, estendendo-se do rio Tarau, no estado do Amazonas, às cabeceiras do rio Mucajaí. Das cabeceiras do rio Toototobi em direção ao norte e nordeste, a serra do Urucuzeiro apresenta altitudes acima de 1.000 m, como no Pico Redondo, na margem direita do Mucajaí.
Seguindo em direção noroeste encontramos as serras Couto de Magalhães e das Surucucus. Subindo ainda na direção noroeste encontramos as serras Uafaranda e do Auari. No extremo-norte, sentido noroeste-nordeste, contíguo à serra do Parima, temos a Cordilheira de Pacaraima, uma cadeia de colinas e cristais que contornam o traçado geográfico fronteiriço brasileiro, com relevo variando entre 500 m e 1.500 m, se estendendo até ao Monte Roraima. Esta cadeia pode ser dividida em duas regiões com relevos distintos, sendo a primeira com altitudes entre 800 m a 1.200 m, aproximadamente, partindo da cabeceira do rio Surumu até próximo ao meridiano 61°30’W. A segunda região, com altitude variando entre 1.200 m a mais de 2.000 m, compreende os altos cursos dos rios Cotingo, Uailã e Maú, chegando a alcançar 2.370 m de altitude, como no Marco 3 da fronteira Brasil-Venezuela, situado na serra do Sol.
Quinto nível
Ou quinto degrau do relevo roraimense é o Planalto Sedimentar de Roraima. É a mais alta das formações geomorfológicas do Estado, contíguo ao Planalto do Interflúvio Amazonas-Orinoco. “Pode-se considerar como um só conjunto de relevo montanhoso, o Planalto Sedimentar de Roraima e o Planalto do Interflúvio Amazonas/Orinoco” (FREITAS: 1996, p.25).
São grandes elevações geralmente aplainadas, com altitudes que variam entre 1.000 m a quase 3.000 m. Nesta faixa do relevo está localizado o Monte Roraima, ponto culminante do Estado, com aproximadamente 2.785 m de altitude, o quarto mais alto ponto geográfico do Brasil, perdendo somente para o Pico da Neblina (3.014 m – Amazonas), Pico 31 de Março (2.992 m – Amazonas), e Pico da Bandeira (2.890 m – Espírito Santo/Minas Gerais). A leste do Monte Roraima está o Monte Caburaí, o ponto mais setentrional do Brasil, com 1.456 m de altitude.
[1] Médias mensais do período 1923-1995 (INMET-MA, apud Freitas: 1996, p.30).
[2] O autor ainda considera que “Se levarmos em conta a extensão desde a nascente do Uraricoera, mais caudaloso que o Tacutu, a verdadeira extensão do rio Branco chega a 1.284 km” (1996, p.31).
[3] Algumas fontes, como a obra da Fundação AMBTEC, apresentam o período de chuvas (cheia do rio Branco) entre março e setembro, sendo que o rio atinge sua enchente máxima em junho. O período de estiagem (seca) é entre outubro e fevereiro. Na prática, conforme o ano, há variação de mês.
[4] Na Guiana este rio é chamado Ireng, servindo de linha de fronteira com aquele país. Apenas sua margem direita pertence ao Brasil.
[5] AMBTEC: 1994, p.63.
[6] FREITAS: 1996, p.31.
Bom dia, Assis, me chamo Beatriz e sou acadêmica de engenharia civil. Estou fazendo um artigo científico para ser publicado, e achei algumas informações no seu blog que podem me ajudar, porém não encontrei a data em que você escreveu. Gostaria de te citar na minha referência bibliográfica. A parte que me interessou foi a que fala a respeito dos Solos de Roraima, vi que lá tem a fonte, porém como não tem o link, não a encontrei. Então você poderia me dizer em que ano escreveu a respeito?
Desde já agradeço e aguardo um retorno.
Att,
Beatriz Lopes
Bom dia Beatriz. Essa página foi baseada no meu TCC de pós graduação, que foi defendido e aprovado pela banca examinadora em 2005.
Obrigada, Assis! O seu TCC está disponível em algum lugar ou site? Ou também se fosse possível me disponibilizar ele, te passaria meu email… Gostaria de dar uma lida para maiores detalhes. Caso seja possível, me ajudaria bastante.
Ok. Se vc me enviar o seu e-mail eu te envio.
beatriz.lopes@sempreceub.com