Já li em algum lugar, em algum tempo, que para escrever basta sentar e escrever. Concordo! Nem sempre a qualidade é o que se espera. Mas acaba não sendo tão ruim assim. Também ouvi do professor William Douglas algo no sentido: “Não deixe que o ótimo livro lhe impeça de escrever o bom livro”.
Me penitencio nos dois casos: tanto de não ter “tempo” para escrever, quanto a ser exigente e querer ótimos, excelentes textos sobre os temas mais relevantes para a humanidade, que nunca saem, em detrimento de bons textos sobre o cotidiano do boavistense. Nem sempre temos conteúdo suficiente, em todos os temas, para produzir ótimos textos. Às vezes nem mesmo bons textos, pois ninguém domina todos os campos do conhecimento humano. Einstein, por exemplo, teria dificuldade de escrever um artigo sobre a utilização dos verbos defectivos na literatura portuguesa durante o período barroco.
Passar três meses sem escrever nada… é uma espécie de suicídio intelectual e lúdico. Nos últimos meses os trabalhos têm se intensificado no meu emprego. Algo bom, gosto disso. E com essa minha “enorme” capacidade de administrar meu tempo – tanto quanto minhas finanças – não estou conseguindo espaço temporal para escrever, inclusive neste blog, o que é um absurdo!
Mas vamos dar um jeito nisso: o meu maior desafio agora é a administração do tempo e das finanças. São desafios pessoais. Não se trata exatamente de bloqueio de escritor. O bloqueio de escritor, que não é produto da imaginação, de fato existe. No meu caso, em matéria de ficção, o ótimo livro tem impedido o bom livro de ser escrito. Hoje até me arrisco a escrever o livro regular – na ficção, pois em matéria técnica o trabalho tem que ser, ao menos, médio: um bom livro. Na ficção, é claro que ainda quero ser best seller e Nobel de literatura. Mas, nesta altura do campeonato, se publicar algo medíocre, já é publicar alguma coisa. Talvez seja este mesmo o meu limite literário.