No início dos efeitos do SARS-COV-2 pensei em escrever um “Diário da Pandemia”, no qual descreveria os acontecimentos diários relativos à pandemia da COVID-19. Então as coisas, rapidamente, passaram de notícias do telejornal da noite para fatos do meu cotidiano. E me acovardei! Diariamente lia nas redes sociais sobre internações e óbitos de pessoas conhecidas, queridas, algumas que fizeram parte da minha vida durante algum tempo, como o querido Paulo Thadeu Neves, que resistiu ao vírus e com quem ainda mantenho laços fraternais. Outras pessoas amigos de amigos, com quem me solidarizei, parentes distantes… e três colegas/amigos/irmãos de trabalho: JOSÉ CARLOS GONÇALVES, REGINA RAMOS e NEWTON MADEIRA.
Não vou entrar em detalhes sobre cada um deles. Só vou dizer que, agora, enquanto estou escrevendo este texto, algumas lágrimas escorrem do meu rosto, em homenagem aos meus amigos. E imagino que muitos dos poucos leitores que estão compartilhando comigo este momento estão pensando em amigos e entes queridos que se foram vítimas do SARS-COV-2, um vírus que existe e que mata!
Tudo isso me faz refletir profundamente sobre a vida. Quando adolescente li A Insustentável Leveza do Ser. O autor, Milan Kundera, tornou-se ícone contra a repressão dos governos totalitários de estandarte socialista soviético. E o título do livro resume toda a ideia que trago a este breve pensamento: a leveza do ser.
Somos seres insustentáveis por origem e por definição. O fato de sermos os únicos animais de consciência (?) torna a vida mais maravilhosa e, ao mesmo tempo, incomensuravelmente mais leve… etérea. Já são mais de 100 mil de nós que ultrapassaram o limite da vida biológica. Se há vida após a morte? Certamente que não, por definição. Se a inteligência/alma/consciência se perpetua? A minha formação espiritista diz que sim. Mas o meu caráter questionador duvida. Duvidar não significa negar. Apenas duvidar.