Recentemente uma cena de telenovela da Rede Globo de Televisão chamou a atenção dos roraimenses. Trata-se de breve diálogo entre um padre e outro personagem da telenovela, ao que entendemos, por nome Rogério. Eis a transcrição do diálogo:
Padre – “Os venezuelanos que estão tentando refúgio em Roraima estão sendo hostilizados pela população.”
Rogério – “É uma tristeza, né Padre? Eles vêm fugindo da fome e da violência e são recebidos aqui como inimigos.”
Padre – “Graças a Deus ainda existe gente boa no mundo, Rogério. Veja este padre de Pacaraima, Jesus Bobadilla. Ele abriu as portas da igreja para os venezuelanos.”
Não vamos aqui entrar no mérito do trabalho desenvolvido pelo Padre Bombadilla em Pacaraima – ao que parece, um trabalho louvável, mas, ao contrário do que ele nega, com viés socialista, uma vez que se diz admirador da Teologia da Libertação. Com efeito, uma breve busca no Google e podemos identificar o seu perfil com esta corrente ideológica. Em matéria publicada pela Cáritas Brasileira, Bombadilla declarou:
“O episódio desses dias foi planejado, não foi uma ação espontânea. Não tenho a menor dúvida. Existem forças políticas tenebrosas que se empenham em passar por cima das dificuldades do povo e aproveitar a xenofobia, que a cada dia é mais forte, como elemento válido para as eleições.”
Tanto o diálogo quanto a pronúncia do Padre Bomabadilla acima, fazem alusão ao levante que ocorreu em Pacaraima no ano passado, quando a população expulsou cerca de 1,2 mil venezuelanos após tentativa de latrocínio cometida por quatro imigrantes. A vítima foi um conhecido comerciante da cidade, que quase teve a vida ceifada.
O fato é que a questão imigratória se agrava e as críticas desferidas contra a população local, como o diálogo da telenovela global, são, no mais das vezes, infundadas, proferidas por quem não tem o menor conhecimento de causa. E o pior: pessoas que defendem o governo de Nicolás Maduro como legítimo e democrático, “vítima do imperialismo americano”.
Ideologias de botequim à parte, dados do IBGE projetam um cenário catastrófico para Roraima.
Segundo a Unidade Estadual do IBGE, Roraima terá quase um milhão de habitantes em 2060. A partir de 2048, quando a população do país começa a diminuir, conforme dados da Projeção Populacional 2018, o Estado continuará com incremento demográfico até 2065. Na Projeção anterior (2013) estimava-se uma população de aproximadamente 703.940 habitantes para ano de 2060. No entanto, nova atualização da pesquisa eleva esta estimativa para quase um milhão de habitantes em 2060 – 984.511 habitantes.
O mesmo estudo aponta que até 2022 Roraima deverá receber cerca de 79 mil venezuelanos. Entre 2015 e 2017 estima-se que 20,5 mil migraram para Roraima, número que deverá aumentar em 185,4%, considerando a projeção de 58,5 mil entre 2018 e 2022.
Roraima deverá ter a maior taxa de fecundidade em 2060: 1,95 filho por mulher, seguido por Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, todos com 1,80. As menores taxas deverão ser registradas no Distrito Federal: 1,50 filho por mulher, seguido por Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três com 1,55.
Roraima e Rondônia terão as mais baixas expectativas de vida entre as mulheres: 80,8 e 80,3 anos, respectivamente. Os valores mais altos de esperança de vida feminina serão em Santa Catarina, de 87,6 anos, seguido pelo Paraná, com 87,0 anos.
O número de registros de nascimento de crianças com pais estrangeiros cresce significativamente em Roraima. Segundo a pesquisa de Registro Civil realizada pelo IBGE, o número de registros de crianças nascidas vivas em Roraima, no ano de 2017, sendo a mãe estrangeira, cresceu 244,9% em comparação a 2014. Igualmente, o registro de nascimentos de crianças com pai estrangeiro cresceu significativamente: aproximadamente 195,2%, se comparado com os nascimentos ocorridos em 2014.
Os números da violência também assustam. A população nativa, que já estava sendo vítima exponencial de bandidos brasileiros, membros de facções criminosas que têm tomado conta do Estado nos últimos anos, com altos índices de mortes violentas, agora tem o quadro agravado por bandidos venezuelanos que cruzam a fronteira, sem qualquer controle da imigração. Mas não só os brasileiros sofrem com o incremento da violência. Venezuelanos ordeiros e trabalhadores também são vítimas de seus patrícios, pois os que lá cometiam crimes continuam por aqui, não escolhendo as suas vítimas.
Fato curioso já registrado inúmeras vezes é a surpresa de meliantes venezuelanos, presos em flagrante, sendo libertados após a audiência de custódia. A princípio não entendem o que aconteceu. Mas logo percebem que a lei brasileira é pela impunidade e voltam a delinquir.