Tomei conhecimento da existência de Anaïs Nin (1903-1977) há muitos anos atrás, na década de 1990, quando, num dia qualquer, aluguei um filme cujo título era Henry e June. Gosto disso: ao acaso, encontrar filmes maduros que retratam a natureza humana. Filmes que me marcam pelo resto da vida – da vida consciente, ao menos. Invariavelmente são películas derivadas da literatura. Gostei tanto do filme que resolvi ler o livro.
Henry e June é a versão cinematográfica de um período (1931-1932) do diário pessoal de Anaïs, quando conheceu e começou seu relacionamento extra-conjugal com o também escritor Henry Miller. June era a esposa dele na época, quando viveram um triângulo (ou quadrado) amoroso.
Além de Henry e June, li outros livros de Anaïs e, por causa dela, cheguei a Henry Miller (1891-1980). Os dois têm estilos semelhantes, cujas obras são autobiográficas. Sem dúvida formaram um casal. Apesar de amantes por uma vida, nunca se juntaram. Ela, após a morte do marido Hugo, casou-se novamente. Além de Henry, e durante Henry , teve vários outros amantes – ao que pude entender, com a conivência do marido, que também fazia das suas. No filme, é interpretada pela atriz portuguesa Maria de Medeiros – que guarda impressionante semelhança física.
O que me chama a atenção em ambos – Anaïs e Henry – é a determinação em escrever. Ela era de família abastada, casou com um homem bem sucedido na carreira profissional, nunca passou necessidades. Henry sim, durante algum tempo. Mas para ambos, tato fazia. A literatura, a vontade de escrever estava acima de tudo.