Ainda mesmo
quando as palavras
de conforto
se formarem em nossos lábios,
ou os hinos de esperança
cortarem os ares
invocando o nome do Senhor,
Meu coração,
na magnitude da noite
dos vermes terrestres,
permanecerá inquieto
Minha mente,
esse verdadeiro Eu de
insaciável apetite
já não se contenta
com os fenômenos
trazidos pelas lideranças,
pelas doutrinas magníficas
que falam de Deus.
Tampouco suporta
as imposições irracionais
dos dogmas místicos
de palavras doces
que alimentam o paladar,
mas não nutrem o Ser,
essa amplo complexo
que mesmo eu não o entendo em mim.
E se não entendo a mim,
como, então,
entender o Criador?
Sim, pois é este a quem eu busco:
essa inteligência suprema,
causa primária de todas as coisas,
que repousa no vento,
que sopra as palhas do buritizeiro
sobre os verdes campos
do serrado na chuva.
Essa energia que gerou
os corpos harmônicos
na individualidade da massa,
pela mutabilidade das partículas
que levam à evolução do cosmo,
através dos movimentos
da força concentrada
que impulsiona as novas formas
pelas novas necessidades.
Assim,
como peregrino solitário,
penetro nos princípios fundamentais
da Lei maior
que rege as energias cósmicas,
cuja iniciação
oculta-se no momento
da criação.
Para chegar ao Criador
necessário é entender
a própria gênese.