Por Sérgio Murilo
Aí, você olha
e não sabe se escuta,
você escuta
e não sabe se acredita.
Porque a história pregressa
é maculada, maldita!
E aqueles que estão iniciando
não apresentam nada diferente:
“Vou mudar o Brasil quando for presidente!”
São palavras aguerridas,
gestos contundentes,
são frases floridas,
discursos reluzentes.
Tantas promessas em vão,
tanto teatro, quiçá, comédia ou não.
Invadindo casas em horário nobre,
seja rico, seja pobre.
Talvez um drama fanfarrão,
num debate em plena televisão.
Ali, só não se vê,
a mais sublime verdade,
a expressão com seriedade,
a certeza de que se vai fazer.
Aí, você olha
com seu rosto em prantos
e percebe as dores do povo,
com seus desencantos,
com seus dissabores.
Sem horizonte, sem porto seguro,
sem veredas, sem flores.
Sem rumo, sem prumo, sem futuro.