Reza a lenda que enquanto os Estados Unidos pressionavam o Brasil para entrar na Segunda Guerra Mundial, devido à sua posição geográfica estratégica, Getúlio Vargas ironizava: “É mais fácil a cobra fumar cachimbo”. A pressão aumentou, inclusive com ameaça de invasão do território brasileiro pelos EUA. Após torpedeamentos de navios mercantes brasileiros, atribuídos aos países do eixo, Vargas negociou financiamento para a instalação da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional – e o Brasil entrou no conflito. Após a declaração, o povo, pra não perder a piada, chacoteava: “A cobra vai fumar” – o Brasil vai pra guerra. Atribui-se ao pracinha Francisco de Paula o primeiro tiro da artilharia da Força Expedicionária Brasileira, com a inscrição no projétil: “A Cobra Está Fumando…” – o que é contestado por boa parte dos historiadores, alegando que a foto divulgada foi apenas peça promocional da campanha brasileira. O termo se refere a algo difícil de acontecer, e quando acontece traz resultados catastróficos para os atores envolvidos. Mas o fato é que nesta quinta-feira, 29, a cobra fumou aqui em Roraima.
Crônica
Cortadas as luzes da SEPLAN e SEFAZ. Servidores continuam sem receber salários: o governo é um cadáver em decomposição.
Hoje pela manhã a BOVESA interrompeu o fornecimento da energia elétrica para a SEFAZ – Secretaria de Estado da Fazenda, e SEPLAN – Secretaria de Planejamento – do Governo do Estado de Roraima, por falta de pagamento. A ação deve se estender a outros órgão do Executivo pelo mesmo motivo. Com salários em atraso, os servidores nem precisam mais decretar a greve geral. A Boa Vista Energia resolveu a parada!
A polarização da campanha presidencial tirou o foco da eleição local. Nas redes sociais o eleitor pouco se manifesta sobre a preferência por um ou outro candidato ao governo de Roraima no segundo turno. O que ainda se vê são manifestações de cabos eleitorais travestidos de formadores de opinião com postagens que não passam de fofocas de botequim. Talvez a causa seja a falta de opção e a certeza do eleitor de que, qualquer que seja o eleito, as coisas não mudarão substancialmente para a população em geral.
Se um dos candidatos já administrou o Estado e conhecemos bem o seu perfil, o outro não conseguiu empolgar e emplacar a esperança da mudança pra melhor, pois é nítido o seu comprometimento com um grupo econômico, estando longe de representar candidatura popular. Ocorre que qualquer coisa é melhor do que o governo que expira. Na verdade, já expirou. O que vemos é uma administração zumbi, movida a controle remoto.
População de Pacaraima expulsa imigrantes. Comerciantes venezuelanos fecham as portas alegando insegurança com o retorno dos patrícios e pedem socorro ao Exército e à Guarda Nacional bolivariana
No último sábado, 18 de agosto/2018, os moradores de Pacaraima, cidade fronteiriça do Brasil com a Venezuela, expulsaram cerca de 1,2 mil imigrantes venezuelanos, segundo o Exército brasileiro, ou 3 mil, conforme os manifestantes. As imagens são comoventes. O estopim foi a tentativa de latrocínio cometida por quatro venezuelanos, segundo a população, contra o comerciante Raimundo da Churrascaria e sua família. Raimundo ficou gravemente ferido e foi transferido para o Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista. O ato dos brasileiros chegou a movimentar a Guarda Nacional Venezuelana, conforme as imagens.
Com a volta dos imigrantes, os comerciantes de Santa Elena do Uairén, primeira cidade do lado venezuelano, resolveram fechar as portas por tempo indeterminado. Em áudios divulgados nas redes sociais, os comerciantes se mostram apavorados com o número de patrícios – três mil. Dizem que a situação chegou fora de controle e pedem ajuda à Guarda Nacional e ao Exército venezuelanos. Ao que se sabe, dentre os refugiados expulsos de volta, há criminosos que foram soltos devido à falta de comida nas prisões. Os imigrantes entram no Brasil sem qualquer triagem ou exigência de documentos, inclusive certidão de antecedentes criminais.
A Copa do Mundo não é mais como antes
O brasileiro já não gosta tanto de futebol como antes, ou a sociedade tem amadurecido e passado a ver este esporte apenas como mais uma opção de diversão popular? Seja qual for a resposta, tenho percebido que a Copa do Mundo de Futebol da Rússia não tem empolgado como em outros tempos, quando o ano já começava em contagem regressiva e o assunto dominante era o escrete canarinho. Alguém lembra qual o hino da Copa 2018? E da Copa 2014? Lembramos dos 90 milhões em ação… Do Dá-lhe, dá-lhe bola/ Meu canarinho vai deixar a gaiola/ Vai pra Espanha…
Teria o 7×1 da Alemanha desiludido o torcedor? Pelo fato de ser um ano eleitoral, estaríamos com a atenção mais voltada para a política do que para o futebol? Uma consulta ao oráculo nos revelou uma realidade mais complexa.
O Brasil que eu quero
Então eu ligo o computador e, enquanto o windows carrega, fico pensando no Brasil que eu quero. Bem que queria enviar o meu vídeo para essa campanha da Rede Globo de Televisão. Mas em primeiro lugar acho a ideia ridícula, algo pensado simplesmente para manter as pessoas ligadas na telinha do plim-plim. O que isso poderá acrescer a nós, brasileiros? Ao país? Tudo inútil. Mas o anjinho vem e me diz que eu estou sendo radical, pequeno-burguês que detém um blog de grande penetração e fantástica capacidade de expressar o pensamento através da escrita, o que não é o caso do brasileirinho comum, público-alvo da campanha.