O Brasil que eu quero

Então eu ligo o computador e, enquanto o windows carrega, fico pensando no Brasil que eu quero. Bem que queria enviar o meu vídeo para essa campanha da Rede Globo de Televisão. Mas em primeiro lugar acho a ideia ridícula, algo pensado simplesmente para manter as pessoas ligadas na telinha do plim-plim. O que isso poderá acrescer a nós, brasileiros? Ao país? Tudo inútil. Mas o anjinho vem e me diz que eu estou sendo radical, pequeno-burguês que detém um blog de grande penetração e fantástica capacidade de expressar o pensamento através da escrita, o que não é o caso do brasileirinho comum, público-alvo da campanha.

Enfim o windows carrega e, junto, carrego também uma gargalhada: IDIOTA! Pra escrever um texto perco horas pensando: primeiro no que vou escrever. Depois, se numa linguagem coloquial ou mais culta. Leio e releio o primeiro parágrafo. Mudo as expressões. Tiro termos técnicos, substituo por palavrões. Apago os palavrões. Penso na linha editorial do blog. Mas qual é a linha editorial, afinal? “NÃO TEM!” – chego à conclusão. Apago tudo e recomeço. Agora escreverei sobre o desenvolvimento da burguesia portuguesa, sem os vassalos do Rei, o que resultou num Estado que não passou pelas várias fases do capitalismo… tá uma merda! Precisa de mais pesquisa. Apago tudo de novo. Agora vamos: “O Lula é um ladrão e assassino!” Apaguei. Falta pesquisa histórica. Resolvo não escolher um título e começo a escrever: “A Suely me lembra a história do bode no pequeno apartamento onde moravam três famílias numerosas e resolveram reclamar da falta de espaço ao diretório do Partido Comunista, na antiga União Soviética. Aí mandaram um bode pra morar com as famílias. Seis meses depois tiraram o bode e as famílias agradeceram . Ou seja, ela é tão ruim que fez o Anchieta virar opção de melhoria na administração pública estadual”. Apago. “Maior do que a minha capacidade de expressar um pensamento através da escrita é a capacidade que tenho de apagar o que escrevo” – decido.

Qual, então, novo título do post? Vou no clichê: “O Brasil que eu quero”. E que Brasil é esse? Penso, penso… não tem um Brasil que eu quero. Tem um Brasil que eu quis. Dá no mesmo! Nenhum dos dois acontecerá. Jamais seremos um país sério, no sentido lato do termo. Primeiro porque começamos com a piada do descobrimento “por acaso”. Depois tivemos Sarney, Collor de Mello, Lula e, não satisfeitos, Dilma – uma caricatura de… esquece! Vou apagar também. Não faz diferença. Afinal, só eu mesmo leio o meu blog. A minha mulher e o meu filho nunca leram uma linha, sequer. Criei um grupo do WhatsApp pra ser uma espécie de conselho editorial informal e ninguém critica nada, evidentemente, porque ninguém lê! Tô igual ao candidato a vereador da cidadezinha do interior que só teve o voto dele – e ainda foi anulado!

3 comentários em “O Brasil que eu quero”

  1. Eu entendo sua aflição, faz tempo que estou tentando comentar este seu “POST”, já havia falado outro dia, minha necessidade de interagir com pessoas inteligentes, com base no que debate, e que respeite a opinião alheia. É interessante o que você levanta, a necessidade de escrever depois de boa pesquisa, para se posicionar sobre. Quanto sobre o que escrever, quando os participantes do debate, são atualizados, qualquer tema é interessante. Continue postando sem preocupações.

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